Editorial
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v17i1.291Resumen
Este primeiro número do volume 17 da Revista coincide com o início da gestão 2010/2011 da Diretoria presidida pela colega Ingeborg Magda Bornholdt. Em nome de todos os companheiros do Conselho Editorial, agradeço pelo convite para continuarmos trabalhando em prol de nossa publicação.Ao longo deste período à frente da editoria da Revista, tenho pensado sobre o ritmo que organiza uma publicação científica. Nossa atividade é frequentemente acompanhada de inquietação, pois, durante o processo de edição de um número, já é preciso pensar a respeito dos números seguintes. Envolvidos intensamente nesse ritmo de trabalho, muitas vezes nos surpreendemos com os encadeamentos que contribuem espontaneamente para a organização de uma edição da Revista.
No número que agora entregamos aos nossos leitores, constatamos essa “organização espontânea”: Estados limítrofes, tema escolhido no início de 2009 e que representa um dos notáveis avanços da psicanálise, norteia a primeira edição da Revista em 2010, ano em que se comemora o centenário da International Psychoanalytical Association, mais conhecida como IPA, entidade organizada por Freud e outros pioneiros, que, entre vários objetivos, tinham em mente o progresso de nossa disciplina.
Em seus primórdios, a teoria psicanalítica considerava que havia uma ampla variedade de pessoas para quem não era indicado esse tipo de tratamento. Nesse grupo certamente se incluíam indivíduos que, na atualidade, consideramos como portadores dos, assim denominados, estados limítrofes e que estão sendo atendidos em psicanálise. Podemos enumerar uma série de fatores que condicionaram essa mudança em nossa clínica, desde as transformações da sociedade e da cultura à evolução da teoria psicanalítica, passando pela questão, muitas vezes referida, da diminuição da demanda por psicanálise, que teria levado os psicanalistas a buscarem uma ampliação do seu mercado de trabalho. Embora não desconsidere todas essas possíveis variantes, particularmente centro minha atenção na evolução da teoria psicanalítica, que permitiu a ampliação do entendimento da mente humana.
Ao longo de sua história, a psicanálise passou por acréscimos teóricos que levaram a uma maior compreensão da mente e por desenvolvimentos técnicos que possibilitaram acesso a áreas do psiquismo que funcionam “aquém” da representação. Essa evolução da teoria psicanalítica ampliou o entendimento dos períodos iniciais da vida psíquica. Tal fato proporcionou, não apenas o atendimento de pacientes com estruturas não-neuróticas, nos quais um ego frágil e fronteiras lábeis demandam uma grande parte da energia para enfrentarem os limites entre o externo (objeto) e o interno (pulsão), como também o acesso a áreas mais primitivas do psiquismo de pessoas com estruturas neuróticas. Assim, nada melhor para comemorar o centenário da IPA do que este número dedicado a um tema que representa uma importante evolução da psicanálise.
Mas, antes dos artigos que tratam sobre os estados limítrofes, apresentamos Celebrando os 100 anos da IPA: uma reflexão sobre o presente e o futuro, de autoria de Cláudio Laks Eizirik. Como seu título deixa entrever, o texto faz uma reflexão sobre os cem anos da IPA, a partir do ponto de vista de um psicanalista que conhece profundamente a entidade, uma vez que exerceu sua presidência no período 2005/2009.
Chegando, então, ao tema que norteia esta edição da Revista, O papel do pai na psicose; Comentário sobre o papel do pai na psicose; A posição fóbica central. Com um modelo de associação livre; Acontece de tudo com o ego; Paixão, ódio e sexualidade; Borderline: um paciente sem inconsciente?; Figuras da protomelancolia; A clínica borderline: da psicopatologia às configurações do campo analítico; Sobre os estados limítrofes e A mente do analista na construção da subjetividade: ampliando recursos da clínica constituem uma seleção de artigos sobre os mais variados tópicos da teoria e da técnica ligadas aos estados limítrofes, contribuições de uma variedade de autores, que, por suas diferentes latitudes, representam uma amostra do pensamento atual sobre esse tipo de organização de personalidade.
Complementando a abordagem do assunto, apresentamos a resenha de um livro que certamente contribuiu em muito para o desenvolvimento das ideias a respeito de pacientes com estados limítrofes. Recentemente lançada como parte da coleção de psicanálise da SPPA, a versão em português de O trabalho do negativo, de autoria de André Green, passou pela leitura atenta de Maria Clélia de Barros Menegat, nossa colega da SPPA.
Nesta edição contamos também com a carta R. Horacio Etchegoyen, Vice- Presidente Honorário da IPA, na qual Laura Etchegoyen agradece a honraria concedida ao seu pai durante o Congresso Internacional de Psicanálise realizado em Chicago, em julho de 2009.
Cabe destacar que, para a elaboração desta edição da Revista, contamos com a valiosa colaboração de nossa colega da SPPA, Luciane Falcão, sempre ágil nos contatos com os psicanalistas franceses e sempre disposta, atenta e rápida na revisão técnica dos vários artigos enviados pelos mesmos.
Para finalizar, gostaria de saudar o retorno da colega Suzana Deppermann Fortes ao Conselho Editorial da Revista, agora exercendo a função de Editora Executiva.
Desejo uma boa leitura a todos.
Zelig Libermann
Editor da Revista de Psicanálise da SPPA
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