Editorial
Resumen
O momento em que cada número de nossa Revista ganha seu formato definitivo, após vários meses de preparo cuidadoso, discussão de cada um de seus artigos e dos muitos detalhes editoriais, reveste-se de um atrativo particular, espécie de paternidade coletiva, quando, orgulhosamente, liberamos nossa produção da segurança de nossos limites em direção a um rumo próprio num mundo de infinitas possibilidades a sua frente. Quanto maior nosso empenho, maior o impacto da realização. Os números deste ano, comemorativos aos 10 anos da Revista, carregam um importante investimento da Comissão Editorial e de seus colaboradores, apoiados pela atual diretoria de nossa Sociedade. É compreensível, pois, que sua concretização seja objeto de grande contentamento. Prosseguindo no propósito de publicarmos contribuições de nossos convidados, o presente número inicia com o artigo original, “Ser uma mulher? O ponto de vista de uma psicanalista” de Danielle Quinodoz, visitante da Sociedade de 16 a 18 de outubro e que, no dia 17, apresentará, sob forma de conferência, o trabalho aqui publicado. Nesse artigo, Quinodoz revisa os pontos de vista freudiano e pós-freudiano do papel da castração e da vergonha, aborda a partir da clínica a evolução das fantasias sobre o órgão feminino inerte e sua evolução para a atividade, a questão da homossexualidade estruturante e reforça a idéia de uma definição do feminino através do positivo. O artigo seguinte, “A propósito da família na atualidade”, da autoria de José Milmaniene, nosso visitante em junho último, aborda as dificuldades das constituições familiares na atualidade, sua interação com o imaginário social e, neste contexto, seu papel gerador de patologias. Tem como tema central a tese da defecção estrutural da figura paterna, abordada com um referencial lacaniano, sugerindo que, para a manutenção da “normalidade neurótica” dos filhos, são necessárias a preservação da figura do pai e sua precedência sobre o Saber, bem como a diferenciação dos papéis maternos e paternos na estrutura familiar. Cátia Olivier Mello, de nossa Sociedade, é a autora de “Brincar e associação livre: semelhanças e diferenças no tratamento psicanalítico da criança e do adulto”, em que revisa as origens filosóficas e a evolução e modificações do conceito de associação livre, estabelecido como uma linguagem, e suas equivalências possíveis com o brincar como forma de expressão e atividade mental. Na seção de cinema e psicanálise, componentes do Curso de Formação de Psicanálise de Crianças e Adolescentes da SPPA discutem, utilizando o filme “A colcha de retalhos”, detalhes da formação da identidade na adolescência, baseandose nos conceitos de transgeracionalidade e ressignificação. Nossa seção especial traz um importante trabalho de César e Sara Botella, “Figurabilidade e Regrediência”. Esse texto, apresentado no 61e Congrès des Psychanalystes de Langue Française em janeiro de 2001, foi primeiramente publicado no Bulletin de la Société Psychanalytique de Paris e prontamente reproduzido no número especial, referente ao mesmo congresso, da Revue Française de Psychanalyse. A revista francesa, editada pela Presses Universitaires de France (PUF), de forma gentil e imediata nos autorizou sua tradução e publicação, o que muito lhe agradecemos. César e Sara Botella têm se destacado como autores criativos, minuciosos nas interrogações e investigações sobre o funcionamento psíquico e consistentes em sua argumentação. Com sólida formação freudiana, têm marcada influência de André Green e de W. Bion, entre outros pensadores psicanalíticos que podem ser melhor conhecidos na entrevista ao final deste volume. Nela, César Botella fala de sua formação e esclarece com desenvoltura diversos aspectos polêmicos de suas teorias, permitindo um maior entendimento de seus pontos de vista, objetos de crescente interesse no cenário psicanalítico internacional. No ensaio ora publicado, os autores fazem uma cuidadosa tentativa de ampliar a compreensão da vida psíquica através do estudo do “trabalho da figurabilidade” enquanto movimento de transformação de conteúdos mentais marcados pelo sexual primordial e indo além da representação. Estudam o papel da “regrediência” como potencial de transformação, como a capacidade e a qualidade que permitem alterações na dinâmica representação–percepção–alucinação. Através desses movimentos redefinem os estados primitivos da mente, o acesso ao irrepresentável e a escuta psicanalítica. Para atingir seus objetivos, abordam cada um dos conceitos em detalhes, diferenciando-os, contextualizando-os e comparando-os com os conceitos de regressão, vida onírica, rêverie, suas relações com a transferência e com o pulsional, para citar alguns exemplos dentro da amplitude da contribuição. Conforme antecipamos, a publicação dessa seção especial, representou um investimento significativo da Comissão Editorial da Revista de SPPA, com um destaque para o grupo de colegas, Alice Becker Lewkowicz, César Luis de Souza Brito, Gisha Brodacz, Luciane Falcão e Ruggero Levy que, coordenados por nosso Editor Associado de Redação, Paulo Henrique Favalli, tiveram a árdua tarefa de revisar a tradução do denso e longo texto de nossa seção especial e o fizeram com dedicação e competência. Cabe destacar também a colega Luciane Falcão, de nossa Comissão Editorial, pela cuidadosa tradução da entrevista de César Botella e pelos inúmeros contatos com esse autor, que permitiram que texto e entrevista fossem publicados. Uma boa leitura a todos, José Carlos Calich Editor da Revista de Psicanálise da SPPA
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