O quanto ainda é necessário interpretar o brincar na análise infantil? Considerações na esteira das ideias de Bion

Autores

  • Antonino Ferro Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI)
  • Elena Molinari Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v18i2.675

Palavras-chave:

Análise infantil, Interpretação, Sensorialidade, Rêverie, Desenvolvimento do continente mental

Resumo

Partindo da observação de uma interação criativa entre pai e filho na vida cotidiana, os autores questionam a necessidade da interpretação verbal na prática atual da análise infantil. No modelo bioniano a capacidade dos pais de sonhar os elementos β que excedem a capacidade transformadora das emoções inconscientes da criança é indispensável para o crescimento da pequena função α que a criança possui e para o desenvolvimento do seu continente mental. Utilizando o modelo da membrana biológica, os autores hipotetizam um modelo para descrever os elementos que facilitariam a capacidade da criança de utilizar e reelaborar ela mesma as rêverie dos pais e como esses elementos pertenceriam mais ao campo não verbal que ao campo verbal. Através de um exemplo clínico, os autores mostram como esse modelo encontra uma confirmação na prática analítica e permite que a dupla analista-criança sonhe em conjunto as emoções inconscientes que se coagulam no campo bi-pessoal. A brincadeira compartilhada com o analista, mais do que a interpretação verbal, é capaz de ajudar a criança a desenvolver o seu processo criativo de tal forma que, agora, tal processo possa manifestar-se através de uma representação consciente-inconsciente que fica explícita nos personagens da brincadeira ou no desenho (AU)

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Antonino Ferro, Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI)

Médico, psiquiatra e psicanalista de crianças, adolescentes e adultos, e analista didata da Sociedade Psicanalítica Italiana.

Elena Molinari, Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI)

Membro da Sociedade Psicanalítica Italiana.

Referências

BEEBE, B.; ALSON, D.; JAFFE, J. (1988). Vocal congruence in mother-infant play. Journal of Psycholinguistic Research, v. 17, n. 3, 245-259.

BION, W. R. (1985). The Italian Seminars. London: Karnac.

FERRO, A. (1992). The Bipersonal Field: experiences in child analysis. London: Routledge, 1999.

. (2000a). Le Jeu: personnages, récits, interprétations. J. Psychanal. l’Enfant, v. 26, n.,

p. 139-60.

. (2000b). Cultura da rêverie, cultura da evacuação. In: CONGRESSO FEPAL, 23., Gramado.

. (2008). The patient as the analyst’s best colleague: transformation into a dream and narrative transformations. Ital. Psychoanal. Annu., 2008, p. 199-205.

. (2009). Transformations in dreaming and characters in the psychoanalytic field,. Int. J. Psycho-Anal., 90, p. 209-230.

FERRUTA, A. (2008). Elogio della presentazione, la darstellung. Rivista Psicoanal., 54, p. 169-176.

FRANKEL, J. B. (1998). The play’s the thing: how the essential processes of therapy are seen most clearly in child therapy. Psychoanal Dial., 8, p. 149-182.

GAINES, R. (1995). The treatment of children. In: LIONELLS, M.; FISCALINI, J. (Ed.) The handbook of interpersonal psychoanalysis. Hillsdale, NJ: Analytic. p. 761-769.

GROTSTEIN, J. (2007). A beam of intense darkness. London/New York, Karnac.

JAFFE, J.; BEEBE, B.; FELDSTEIN, S.; CROWN, C. L. et al. (2001). Rhythms of dialogue in infancy: coordinated timing in development. Monograph of the Society for Research in Child Development, v. 66, n. 2, p. 1-132.

JOSEPH, B. (1998). Thinking about a playroom. J. Child. Psychother., v. 24, n., p. 359-366.

KRIMENDAHL, E. K. (1998). Metaphor in child psychoanalysis: not simply a means to an end. Contemp. Psychoanal., v. 34, n., p. 49-66.

MELZOFF, A. N., MOORE, M. K. (1977). Imitation of facial and manual gesture by human neonates. Science, 198, 74-78.

MOLINARI, E. (2007). Imparare a danzare nel deserto del non pensiero. In: FERRO, A. et al. Sognare l’analisi. Turin: Bollati Boringhieri.

. (2011). From one room to the other: a story of contamination. The relationship between child and adult analysis. Int. J. Psycho-Anal. v. 92, n. 5, p. 791-810.

OGDEN, T. (1997). Rêverie and metaphor: some thoughts on how I work as a psychoanalyst. Int. J. Psycho-Anal., v. 78, n., p. 719-732.

ROSE, C. (2002). Catching the ball: the role of play in psychoanalytic treatment. J. AmerPsychoanal. Assn., v. 50, n., p. 1299-1309.

SLADE, P. D. (1994). What is body image? Behavioral research therapy, 32 (5), p. 497-502.

STERN, D. N.; SANDER, L.W.; NAHUM, J.P. et al. (1998). Non-interpretive mechanisms in psychoanalytic therapy: the ‘something more’ than interpretation. Int. J. Psycho-Anal., v. 79, p. 903-921.

TREVATHEN, C. (1993). The self born in intersubjectivity: the psychology of an infantcommunicaiting. In: The perceived self. Ecological and interpersonal sources of self knowledge.

Cambridge: Cambridge University.

WINNICOTT, D. W. (1971a). Playing and reality. London: Tavistock.

. (1971b). Therapeutic Consultations in Child Psychiatry. The International Psycho-Analytical Library, v. 87, p. 1-398. London: The Hogarth / Institute of Psycho-Analysis.

Publicado

29-10-2020

Como Citar

Ferro, A., & Molinari, E. (2020). O quanto ainda é necessário interpretar o brincar na análise infantil? Considerações na esteira das ideias de Bion. Revista De Psicanálise Da SPPA, 18(2), 295–313. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v18i2.675