A presença de irmãos no exame de ultrassonografia pré-natal
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v18i2.682Palavras-chave:
Complexo fraterno, Método Bick, Desenho infantilResumo
Nos últimos anos, temos observado a presença crescente de irmãos no exame pré-natal ultrassonográfico, ocasião em que surgem atitudes, reações, questionamentos que evidenciam a necessidade de pesquisas aprofundadas. Assim, resolvemos realizar um estudo centrado na relação pais-feto(s)-irmão(s) utilizando, como em estudos prévios, o Método Bick (1964) e estendendo a análise a desenhos de crianças realizados após o exame. Participaram do estudo cerca de setenta e cinco crianças que assistiram ao exame, acompanhadas por uma observadora. Este novo contexto – pais-feto-irmão/imagens da ultrassonografia – promove um nível de profunda comunicação, satisfação e realização. A criança, convidada a uma visita importante, experiencia um contato desejado e simultaneamente temido. Tanto os relatos das observações como os desenhos traduziram conteúdos psíquicos de grande profundidade especialmente relacionados ao complexo fraterno. O acolhimento da equipe possibilitou às crianças expressarem suas angústias, ódios, rivalidades, amor fraterno, desejos desde os mais vívidos àqueles que nem ousamos admitir. Criou-se um espaço no qual a equipe e a criança compartilharam de um brinquedo criativo. Ela cria algo que já está aí e não está nem dentro nem fora do útero da mãe, tampouco de si própria. Não é um eu e também um não eu. Esta é a proposta acordada por todos. Curtindo esta ilusão, vai surgindo uma desilusão gradual, sinalizada pela presença da discriminação, alteridade e uma maior aceitação da realidade. Nesta situação, a criança exercita sua onipotência mágica, criando, do nada, a ilusão de um irmão que é apresentado, desenhado, aceito (AU)
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