Entre a escuta e a interpretação: um estudo evolutivo da neutralidade psicanalítica
Palavras-chave:
Teoria psicanalítica, Contratransferência, TransferênciaResumo
O presente trabalho se propõe a estudar a evolução e o estado atual do conceito de neutralidade analítica. Após examinar as contribuições de Freud, o autor sintetiza o que lhe pareceu serem os principais elementos que caracterizam a atitude analítica e a neutralidade, tanto no trabalho escrito de Freud como em sua prática. A seguir, descreve algumas linhas de desenvolvimento do conceito nas décadas seguintes, especialmente as contribuições da década de oitenta e, particularmente, os pontos de vista de Hoffer. A relação entre a neutralidade e a contratransferência é brevemente discutida. Finalmente, o autor descreve sua própria visualização do conceito, sugerindo que uma maneira abrangente de caracterizálo seria: Neutralidade é a posição, tanto comportamental quanto emocional, a partir da qual o analista, em sua relação com o paciente, observa, sem perder a necessária empatia, mantendo uma certa distância possível em relação: 1) ao material do paciente e a sua transferência; 2) à contratransferência e a sua própria personalidade; 3) aos seus próprios valores; 4) às expectativas e pressões do meio externo; 5) à(s) teoria(s) psicanalítica(s). Cada um desses cinco elementos é brevemente discutido, destacando as principais dificuldades para manter a neutralidade
Abstract
This paper aims at studying the evolution and the present situation of the concept of psychoanalytic neutrality. After having examined Freud's contributions, the author synthesizes what he found to be the main elements that characterize the analytic altitude and neutrality both in Freud's written work and in his practice. Further on, the author describes some tines of development of the concept in the following decades, specially the contributions of the 1980's, and particularly Hoffer's view on the matter. The relationship between neutrality and countertransference is briefly discussed. Finally, the author describes his own view of the concept, and suggests that a comprehensive form to characterize it would be: Neutrality is the position, both behavioral and emotional, from which the analyst, in his relationship with the patient, observes, without putting aside the necessary empathy, keeping a certain possible distance in relation to: 1) the patient's material and his/her transference; 2) the countertransference and his/her own personality; 3) his/ her own values; 4) the expectations and pressures from the outer environment; 5) the psychoanalytic theory. Each one of these five elements is briefly discussed, highlighting its main difficulties in keeping neutralit
Downloads
Referências
ALEXANDER, F. & FRENCH, T. (1946). Psychoanalytic Therapy. New York, The Ronald Press Co. ANDRADE, C.D. (1963). Antologia Poética. Rio de Janeiro: Ed. do Autor. APFELBAUM, B. & GILL, M.M. (1989). Ego analysis and the relativity of defense: technical implications of the structural theory. J.Amer.Psychoanal.Assn., 37:10711095. BARROS, E.M.R. (1989). Melanie Klein: Evoluções. São Paulo: Escuta. BASCH, M. F. (1983). Affect and the analyst. Psychoanal. Inquiry, 3:691703. BION, W.R. (1959). Attacks on linking. Int.J.Psycho anal., 40:30815.
BION, W.R. (1962). Leaming from Experience London, Heinemann. COROMINAS, J. (1987). Breve Diccionario Etimológico de Ia Lengua Castellana. Madrid: Ed. G redos. DE LA TORRE (1977). Psychoanalytic Neutrality. BuILMenninger Clin., 41:36684. DOOLITTLE, H. (1956). Analysand of Freud. In: Ruitenbeck, H. Freud as We Knew Him. Detroit, Wayne St. Univ. Press, 1973. EIZIRIK, C.L. (1991). Da teoria à técnica: a questão da neutralidade e suas repercussões transferenciais e contratransferenciais. Trabalho temático, 13° Congresso Brasileiro de Psicanálise, São Paulo. ETCHEGOYEN, H.R. (1987). Fundamentos da Técnica Psicanalítica. Porto Alegre, Artes Médicas. FENICHEL, O. (1936). Problemas de Tecnica Psicoanalítica México: Ed. Pax México, 1960. FERREIRA, A.B.H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. FLEMM, L. (1985). Freud et ses patients. Paris: Hachette. FRANKLIN, G. (1990). The Multiple Meanings of Neutrality. J.Amer.Psychoanal.Assn., 38:195219. FREUD, A. (1936). El Yo y los Mecanismos de Defensa. Buenos Aires: Paidós, 1965. FREUD, S. (1895). Estudos sobre a Histeria. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v.ll. FREUD, S. (1905a). Fragmento da análise de um caso de histeria. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1972, v.Vll. FREUD, S. (1905b). Sobre a psicoterapia. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1972, v.Vll. FREUD, S. (1909). Notas sobre um caso de neurose obsessiva. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v.X.
_____ (1911 a). As perspectivas futuras da terapia psicanalítica. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1970, v.Xl. _____ (1911b). O manejo da interpretação de sonhos na psicanálise. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.Xll. _____ (1912a). A dinâmica da transferência. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.Xll. _____ (1912b). Recomendações aos médicos que exercem a Psicanálise. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.Xll. _____ (1913). Sobre o início do tratamento. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.Xll. _____ (1914). Recordar, repetir e elaborar. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.Xll. _____ (1915). Observações sobre o amor transferencial. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1969, v.Xll. _____ (1914). A história do movimento psicanalítico. ln: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1974, v.XIV. _____ (1917a). Transferência (Conferência XXVII). In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.XVI. _____ (1917a). Terapia analítica (Conferência XXVIII). In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.XVI. _____ (1918). História de uma neurose infantil. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976. v.XVll. _____ (1919). Linhas de progresso na terapia analítica. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.XVll. _____ (1920). Além do princípio do prazer. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.XVlll. _____ (1926). A questão da análise leiga. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.XX. _____(1933). Explicações, aplicações e orientações (Conferência XXXIV). In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.XXll. _____ (1937). Análise terminável e interminável. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1975, v.XXlll. _____ (1940). Esboço de Psicanálise. In: Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1975, v.XXlll. GAY, P. (1988). Freud Uma Vida para o Nosso Tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989. GEDO, J. (1983). Saints or Scoundrels and the Objectivity of the Analyst. Psychoanal. Inquiry, 3:609622. GILL, M. (1954). Psychoanalysis and exploratory psychotherapy. J. Amer Psychoanal. Assn. 2:771797. _____ (1982). Analysis of Transference. Vol. I, New York:lnt. Univ. Press. GITELSON, M. (1952). The emotional position of the analyst in the psycho analytic situation. Int.JPsycho anal., 33:113. GLOVER, E. (1955). The Technique of Psycho Analysis. London: Baillière, Tindall & Cox. GREEN, A. (1991). Grupo de discussão 10 5a. Conferencia de Ia API de Analistas Didacticos. Buenos Aires (notas). GREENSON, R.R. (1958). Variations in classical psychoanalytic technique. Int. J. Psychoanal, 29:200201. _____ (1967). The Technique and Practice of Psychoanalysis. London: The Hogarth Press. GRINBERG, L. (1956). Sobre algunos problemas de técnica psicoanalitica determinados por Ia identificación y contraidentificación proyectivas. Revista de Psicoanálisis, 13:50711. _____ (1963). Psicopatologia de Ia identificación y contraidentificación projectivas y de Ia contratransferencia. Revista de Psicoanálisis, 20:11323. GRUNBERGER, B. (1973). De la "Technique Active" a la "Confusion de Langues". In: Narcisse et Anubis, Paris, Des Femmes, 1986. HAMILTON, N.G. (1990). The containing function and the analyst's projective identification. lnt.J. Psycho anal. 71:445453. HEIMANN, P. (1950). On countertransference. Int.J.Psycho anal. 31:8184. _____ (1960). Countertransference. Brít.J.Med.Psychol., 33:915. HINSHELWOOD, R.D. (1989). A Dictionary of Kleinian Thought. London: Free Association Books. HOFFER, A. (1985). Toward a definition of psychoanalytic neutrality. J.Amer. Psychoanal.Assn., 33:771795. HOFFER, A. (1991). The Freud Ferenczi controversy a living legacy. Int.Rev.Psycho anal. 18:465472. JONES, E. (1955). Vida y obra de Sigmund Freud. Buenos Aires: Ed. Nova, 1960, v.ll. JOSEPH, B. (1983). On understanding and non understanding: some technical issues. Int.J. Psycho anal. 64:291298. JOSEPH, B. (1985). Transference: the total situation. Int.J.Psycho anal., 66:44754. KARDINER, A. (1977). My analysis with Freud. New York: N.W. Norton & Company Inc. KERNBERG, O.F. (1965). Notes on countertransference. J.Amer.Psychoanal.Assn.13:38 56. _____ (1975). Borderline Conditions and Pathological Narcissism. New York: Jason Aronson. _____ (1976). Technical considerations in the treatment of borderline personality organization. J.Amer.Psychoanal.Assn. 30:795829. _____ (1980). Mundo Interior e Realidade Exterior. Rio de Janeiro: Imago Ed. 1989. KOHUT, H. (1977). The Restoration of the Self. New York, Inter. Univ. Press. LAPLANCHE, J. & PONTALIS, J.B. (1967). Vocabulário da Psicanálise. Lisboa, Moraes Editores, 1977. LEIDER, R.J. (1983). Analytic neutrality a historical review. Psychoanal. Inquiry, 3:66574. _____ Rep. (1984). The neutrality of the analyst in the analytic situation. J.Amer. Psychoanal.Assn. 32:573 85. LIPTON S.D. (1977). The advantages of Freud's technique as shown in the analysis of the Rat Man. Int. J. Psycho anal. 58:25573. LITTLE, M. (1951). Counter transference and the patient's response to it. Int.J.Psycho anal. 32:3243. LOEWALD (1960). On the Therapeutic Action of Psycho Analysis. Int.J,Psycho anal. 16:1633. MEISSNER, W.W. (1983). Values in the Psychoanalytic Situation. Psychoanal. Inquiry, 3:577598. MELTZER, D. (1968). El Processo Psicoanalítico. Buenos Aires: Ed. Hormé. MENNINGER, K.A. & HOLZMAN, P. (1973). Teoria de Tecnica Psicoanalitica. Buenos Aires: Ed. Psique, 1974. MICHELS, R. & OLDAM, J. (1983). Value Judgments in Psychoanalytic Theory and Practice. Psychoanal. Inquiry, 3:599608. MONEY KYRLE, R. (1956). Normal counter transference and some of its deviations. Int.J. Psychoanal. 37:3606. MOORE, B. & FINE, B. (1990). Psychoanalytic Terms & Concepts. New Haven and London: The American Psychoanalytic Assocition and Yale Univ. Press. OBHOLZER, K. (1982). The Wolf Man Sixty Years Later. London: Melbourne and Henley, Routledge & Kegan Paul. PERSON, E. (1983). The Influence of Values in Psychoanalysis: the Case of Female Psychology. Psychoanal. Inquiry 3:623635. PICK, LB. (1985). A elaboração, na contratransferência. In: Barros, E. (org.). Melanie Klein: Evoluções. São Paulo: Escuta, 1989. POLAND, W.S. (1984). On the analyst's neutrality. J.Amer.Psychoanal.Assn. 32:283299. RACKER, E. (1973). Estudios sobre Tecnica Psicoanalítica. Buenos Aires: Paidós. RAMZY, I. (1965). The Place of Values in Psycho Analysis. Int.J.Psycho anal. 46:97106. REICH, A. (1951). On Counter Transference. Int.J.Psycho anal. 32:2531. ROSENFELD, H. (1987). Impasse e Interpretação. Rio de Janeiro: Imago, Ed. 1988. SANDLER, J. (1976). Countertransference and role responsiveness. Int. Rev. Psycho anal. 3:4347. SEGAL, H. (1977). Countertransference. Int.J.Psycho Anal. Psychother. 6:3137. SCHAFER, R. (1983). The Analytic Altitude. New York, Basic Books. SHAPIRO, T. (1984). On neutrality. J.Amer.Psychoanal.Assn 32:269282. STEINER, J. (1992). Interpretações Centradas no Paciente e Centradas no Analista: Algumas implicações da "Continência" e da "Contratransferência". Trabalho apresentado na Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre.
STONE, L. (1961). The Psychoanalytic Situation. New York: Int. Univ. Press. _____ (1981). Notes on the Noninterpretative Elements in the Psychoanalytic Situation and Process. J.Amer.Psychoanal.Assn 29:89118. TANSEY, J.J. & BURKE, W.F. (1989). Understanding Countertransference. From projective identification to empathy. Hillsdale, NJ: Analytic Press. THöMA, H. & KACHELE, H. (1985). Psycho analytic Practice. Berlim: Heidelberg, New York, Paris, London, Tokyo. Springer Verlag. WINNICOTT, D. (1947). O ódio na contratransferência. In: Textos Selecionados: da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982. WOLF, E.S. (1983). Aspects of neutrality. Psychoanal. Inquiry, 3:675689. WORTIS, J. (1974). Psychanalyse à Vienne, 1934. Paris, Ed. Denöel.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Atribuo os direitos autorais que pertencem a mim, sobre o presente trabalho, à SPPA, que poderá utilizá-lo e publicá-lo pelos meios que julgar apropriados, inclusive na Internet ou em qualquer outro processamento de computador.
I attribute the copyrights that belong to me, on this work, to SPPA, which may use and publish it by the means it deems appropriate, including on the Internet or in any other computer processing.
Atribuyo los derechos de autor que me pertenecen, sobre este trabajo, a SPPA, que podrá utilizarlo y publicarlo por los medios que considere oportunos, incluso en Internet o en cualquier otro tratamiento informático.