Editorial

Autores

  • Anette Blaya Luz Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v13i2.302

Palavras-chave:

Editorial, Adolescência, Psicanálise

Resumo

Após muitos anos fazendo parte do Conselho Editorial da Revista de Psicanálise da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, é com muito orgulho e satisfação que aceitei a prestigiosa e desafiante tarefa de ser a editora. Agradeço à diretoria da SPPA a confiança em mim depositada. É sempre muito lisonjeiro um convite desta natureza. Ao mesmo tempo, sei da responsabilidade que é manter o alto nível científico da Revista que foi conquistado pelos editores que me antecederam.

Para a realização dessa tarefa, conto com o dedicado e incansável apoio da equipe que constitui a Comissão Editorial e, desde já, deixo aqui expressos meus agradecimentos a todos. Da mesma forma, convoco e, antecipadamente, agradeço a valiosa contribuição dos membros dos Conselhos Consultivo e de Revisores, bem como dos colegas que nos honram com sua oferta de trabalhos. A feitura de uma revista é sempre uma tarefa de equipe, e não poderia aceitar esse compromisso sem a ajuda de todos. A todos, o meu muito obrigado pelas prestimosas colaborações. Nossa revista, sempre atual e atenta aos problemas da comunidade em que nos inserimos, tanto nacional como internacionalmente, não pode deixar de registrar com preocupação e pesar a recente morte, veiculada em toda a mídia, da jovem modelo vítima de anorexia nervosa aos vinte e um anos. A adolescência é sempre motivo de preocupação para pais e demais responsáveis pelos jovens.

A falta de uma capacidade simbólica bem estabelecida, desumanizando as relações do indivíduo com seus pares e consigo mesmo dentro de seu próprio self, produz uma desesperada busca por satisfações físicas ou materiais. Tais satisfações nunca podem trazer plenitude à psiquê, engano freqüentemente cometido por muitos adolescentes que nos procuram.

Atenta a essas preocupações, a Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre realizou, em junho de 2006, o VIII Simpósio da Infância e Adolescência da SPPA.

Durante o simpósio, tivemos o prazer de receber em nossa sociedade o psicanalista Álvaro Nin, membro titular da Associação Psicanalítica do Uruguai.

Alguns dos trabalhos que Nin apresentou e discutiu nessa ocasião encontramse publicados neste número, bem como trabalhos de dois colegas da SPPA, Ingeborg Bornholdt e Raul Hartke, que também participaram com contribuições importantes.

No artigo Jogos de vida – jogos de morte na adolescência, Álvaro Nin examina a difícil situação adolescente em que “se unem as problemáticas do narcisismo e do Édipo: o narcisismo com suas vergonhas e fragilidades da autoestima (...) e o Édipo com o ressurgimento da conflitiva sexual”. Propõe, a exemplo de Peter Bloss, que se trace uma “linha de continuidade na qual a comunicação da criança passa pelo brincar, a comunicação do adolescente passa pela ação – que pode ser tanto um jogo de vida quanto de morte - e a comunicação do adulto passa pela linguagem, incluindo seus aspectos pré-verbais, paraverbais, simbólicos, de interlocução, sem descartar os modos de expressão da infância e da adolescência na maturidade”.

Já no texto intitulado Algumas peculiaridades no tratamento psicanalítico de pacientes adolescentes, Álvaro Nin explora as dificuldades e peculiaridades do atendimento psicanalítico de adolescentes. Enfatiza a importância de alguns aspectos da personalidade do analista que são fundamentais para que o tratamento desses jovens possa ser bem conduzido. A sensibilidade e a flexibilidade são algumas dessas características que, se o terapeuta apresenta, facilitam o estabelecimento e a evolução do processo analítico. Sugere que, contratrans ferencialmente, o analista precisa deslocar sua atenção para o como e quando intervir, em detrimento de suas possibilidades regressivas na atenção flutuante.

Ingeborg Bornholdt, analista de crianças e adolescente de nossa casa, apresenta interessante contribuição a respeito do brincar das crianças. Enfatizando que o brincar destas apresenta duas características principais: crianças com tendências à ação, super-estimuladas e excitadas, de um lado, e desmotivadas, com tendências à inibição da capacidade de brincar por outro. Faz uma reflexão a propósito dos prejuízos que o brincar tem sofrido na sociedade atual.

Outro analista criativo, Raul Hartke, nos brindou com o trabalho A experiência do brincar e o espaço analítico na psicanálise de adultos. Não sendo um analista de crianças, Hartke, utilizando-se dos conceitos de Winnicott apropósito do brincar e do espaço potencial, tece ricas  considerações sobre possíveis situações que levariam ao colabamento desse espaço peculiar.

Dentro das mesmas preocupações que salientei acima, referentes aos assuntos relacionados à adolescência, encontramos no trabalho de Ruggero Levy um exame muito atual das funções que os blogs e a internet como um todo podem estar desempenhando tanto no processo adolescente normal como no patológico.

Além desses aspectos, este número retrata, também, a visita de um ilustre convidado, Stefano Bolognini, que esteve entre nós em maio de 2006. O leitor poderá conhecer um pouco do perfil deste psicanalista italiano lendo a entrevista que publicamos.

Bolognini apresentou três excelentes conferências que reproduzimos aqui
na Revista. Dois desses textos são especialmente dedicados ao tema da empatia psicanalítica, assunto que ele estuda há vinte anos.

Em Complexidade da empatia psicanalítica: uma exploração teórico-clínica e Mal-entendidos em empatia: o que é específico na experiência de compreensão na análise, o autor busca esclarecer as diferenças entre a empatia psicanalítica e a natural. A psicanalítica “refere-se a uma condição de bom funcionamento complexo que simplesmente não se verifica com muita freqüência” e que não pode ser conquistado através da vontade consciente do analista. Propõe que insight e empatia possam ser encarados como fenômenos relacionados respectivamente ao intrapsíquico e ao interpsíquico. Junto a esses dois artigos, publicamos o cuidadoso comentário que o colega Zelig Libermann fez a propósito do tema..

Num terceiro trabalho, Todas as vezes que: a repetição entre o passado, o presente, o futuro temido e o futuro potencial na experiência analítica, Bolognini sugere o interessante conceito de consubstancialidade. Nossa colega Viviane Mondrzak participou de mesa-redonda ao seu lado, trazendo provocações e questionamentos que muito enriqueceram essa noite de discussões científicas e que se encontram aqui publicadas.

Finalizando, a Revista também publica neste número um provocante trabalho de Brusset, intitulado Metapsicologia do vínculo e “terceira tópica”? Trata-se de uma versão resumida do que foi apresentado por Bernard Brusset como um dos relatórios do 66º Congresso de Psicanalistas de Língua Francesa, ocorrido em maio de 2006 em Lisboa. Nosso agradecimento especial à colega Luciane Falcão que, por ter sido uma das tradutoras oficiais do congresso, nos facilitou o acesso a esse texto tão estimulante.

Desejo a todos uma boa leitura.

Anette Blaya Luz
Editora da Revista de Psicanálise da SPPA

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Biografia do Autor

Anette Blaya Luz, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psicanalista, membro efetivo e analista didata da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Referências

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Publicado

04-08-2017

Como Citar

Luz, A. B. (2017). Editorial. Revista De Psicanálise Da SPPA, 13(2). https://doi.org/10.5281/sppa revista.v13i2.302

Edição

Seção

Editorial