Editorial
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v13i3.301Resumo
A feitura de uma revista exige um trabalho de equipe intenso e harmônico. Gostaria de abrir este editorial enfatizando o meu privilégio por poder contar com as pessoas que compõem a Comissão Editorial da Revista de Psicanálise da SPPA. Uma boa equipe de trabalho facilita muito a função do editor. Dentro desta perspectiva é com grande satisfação que inauguro este número tecendo um agradecimento à nossa editora executiva, a colega Luciane Falcão, por sua iniciativa em trazer o Dr. Paul Denis à nossa Sociedade e à nossa Revista para um frutífero convívio de poucos dias. O Dr. Paul Denis é um psicanalista francês, didata da Sociedade Psicanalítica de Paris, Editor da Revue Française de Psychanalyse durante oito anos. Esteve conosco no mês de agosto quando nos brindou com uma belíssima conferência, O poder da pulsão, que publicamos neste número. Neste trabalho, o autor sugere que a pulsão se organiza a partir de um duplo investimento no objeto: como domínio e como satisfação. Quando há a satisfação, o objeto é desinvestido de domínio e predomina a marca do objeto como satisfação. Diz ele: “A combinação entre a imagem em dominação e o colorido da satisfação constitui a representação no sentido pleno”.
Além da conferência fomos também agraciados com uma generosa entrevista com o Dr. Denis na qual ele se dispôs a nos transmitir muito de sua experiência como Editor da revista francesa. Publicamos na íntegra esta entrevista, pois estamos convencidos que contém importantes informações a todos aqueles que gostam de escrever sobre psicanálise e publicar. Outra significativa iniciativa foi da nossa editora de redação, Dra. Gisha Brodacz, por nos apresentar uma autora até então desconhecida para a maioria de nós, Dra. Irene Ruggiero, psicanalista italiana que Gisha conheceu em Berlim no último congresso da IPA. Ruggiero nos enviou um trabalho a respeito dos efeitos na capacidade simbólica de adolescentes criados em ambientes familiares muito perturbados. Estes pacientes com freqüência apresentam comportamentos autodestrutivos compulsivos como forma de evacuar a dor mental, criando problemas contratransferenciais importantes para o analista. Também dentro da temática psicanalítica a respeito da infância e adolescência, trazemos o trabalho do Dr. James Herzog que, na mesma linha de questionamento de Ruggiero, examina a importância da relação parental na constituição mental do indivíduo. Propõe que um bom relacionamento entre os pais e a representação desta suficientemente boa relação entre o casal de pais é um fator protetor para o desenvolvimento saudável do self da criança. O texto A função limite da psique e a representância, de autoria de René Roussillon, busca refletir sobre algo que, segundo o autor, “representa atualmente uma das conjunturas mais propícias à investigação psicanalítica tanto clínica e técnica quanto propriamente metapsicológica”. Considera que a questão dos limites, nas patologias neuróticas, é garantida pelo próprio funcionamento psíquico. Já nas problemáticas narcísicas, nas quais a análise dos limites pode significar a análise nos limites, a função de manutenção dos limites pode passar ao primeiro plano do exame do funcionamento mental. A palavra no setting é o texto de Laurent Danon-Boileau, que corresponde à sua fala apresentada no 67º Congrès dêe Psychanalystes de Langue Française em maio de 2007. Salienta que a análise transcorre através da linguagem num dispositivo com regras: o setting. A representação de palavra não somente impõe sua continência e seus limites aos processos inconscientes que aí se desenrolam, mas também garante o desenvolvimento destes processos. Afirma que a palavra “é, antes de tudo, condutora de energia. Favorece a ressonância de dois inconscientes. Sincroniza a pulsação das representações destes”. É prata da casa o próximo autor que publicamos. Originalmente apresentado na Mesa Redonda Neutralidade e abstinência ontem e hoje no XXI Congresso Brasileiro de Psicanálise, o texto de Luciane Falcão discute aspectos relacionados às modificações e evoluções dos conceitos de neutralidade e abstinência. Para a autora, o conceito de neutralidade segue válido ainda hoje no que se refere às ações dos analistas. Ressalta, porém, que a psicanálise atual exige a inclusão da mente do analista como parte fundante e fundamental do processo. O Dr. Arnaldo Chuster, analista didata da Rio-4, é um querido amigo que tem nos honrado com seus trabalhos. Neste número trazemos um texto já apresentado internacionalmente, em 2005, em Seatle e Los Angeles. A presente versão foi apresentada em fevereiro de 2007 no Arizona Institute of Psychoanalysis. As origens do inconsciente: arcabouços da mente futura é um ensaio sobre a metodologia analítica na investigação de estados mentais mais primitivos examinados à luz das idéias de Freud e Bion principalmente. Partindo do exame da origem das coisas que estão no inconsciente e as origens do inconsciente em si, através da análise dos movimentos psíquicos de expansão e repetição respectivamente, sugere um inconsciente que vai além do proposto por Freud. Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, Tatiana Lionço nos oferece um trabalho muito interessante e bem escrito. Partindo da analise da constituição da subjetividade, basicamente fundamentada em Freud, examina a constituição do eu como instância unívoca que tem no seu âmago a tensão entre o narcisismo e as identificações bem como a relação entre o soma e a psiquê. Utilizando uma vigneta, a autora exemplifica como o indivíduo, nesta delicada trajetória de se constituir num sujeito, precisa harmonizar aspectos identificatórios nem sempre integráveis, como podem ser as identificações masculinas e femininas, em determinadas circunstâncias da vida do infante. É com particular entusiasmo que apresento o trabalho de Luiz Alfredo Carvalho e Ricardo Kubrusly. O primeiro é Professor Titular do Instituto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ e o segundo é Professor Adjunto do Instituto de Matemática da UFRJ. Dois autores não psicanalistas que nos oferecem uma importante contribuição aos aspectos de raciocínio lógico-matemático fundamentais para a compreensão crítica do texto de Lacan. Segundo estes autores, Lacan, em um trecho de seu escrito no Seminário da Carta Roubada, “induz o leitor a considerar absolutos resultados que, infelizmente, possuem restrições quanto a generalizações”. Antes de concluir este editorial gostaria de aproveitar a oportunidade e fazer uma correção referente a um engano que cometemos no número anterior da Revista. A Dra. Maria Cecília Pereira da Silva nos escreve informando que ela não é analista didata da SBPSP como nós a apresentamos. Ela é membro docente. Buscamos compor para os nossos leitores um número repleto de escritos ricos e punjantes de idéias e reflexões.
Esperamos tê-lo conseguido. A todos uma boa leitura
Anette Blaya Luz
Editora da Revista de Psicanálise da SPPA
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