Editorial

Autores

  • Zelig Libermann Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v16i3.292

Resumo

Este último número de 2009 coincide com o encerramento da gestão 2008-2009 da Diretoria da SPPA presidida pelo colega Sérgio Lewcowicz.

Nestes dois anos de trabalho, cabe destacar o esforço conjunto de todos os membros da Diretoria e do Conselho Editorial da Revista no sentido de preservar a conquista obtida, ao longo dos anos, pelo empenho das várias gestões: um periódico psicanalítico que propicia um espaço de apresentação de ideias e de debates dos temas da atualidade da psicanálise.

Tenho a convicção de que a Diretoria que agora se encerra e o Conselho Editorial da Revista sentem-se gratificados pela possibilidade de colaborar para a continuidade dessa conquista. E nessa busca constante pela preservação do debate da atualidade da psicanálise, trazemos aos nossos leitores uma sequência de artigos que refletem o trabalho dos psicanalistas para apresentar suas ideias com base nos pilares de nossa disciplina: a teoria e a clínica, ou melhor, a teoria a partir da clínica.

Em A prática analítica atual e as posições do analista. Metapsicologia da prática, Norberto Marucco, psicanalista argentino sempre interessado nas vicissitudes da clínica, aborda as convergências e divergências entre a prática analítica atual e a cura clássica. Propõe a abertura do debate sobre o polimorfismo das manifestações atuais da clínica, a integração das diferentes teorias e as posições do analista e a necessidade da criação de um enquadramento capaz de sustentar os diferentes tipos de intervenção do analista, tais como a implementação das interpretações, do silêncio, das construções, das representações e da mente do analista.

No artigo seguinte, podemos acompanhar Luiz Carlos Mabilde, nosso colega da SPPA, em sua reflexão A função do pensar do analista no processo analítico: considerações técnicas sobre a escuta, a compreensão e a interpretação em análise. Tendo como base sua maneira de escutar psicanaliticamente, Mabilde apresenta o modo próprio de organizar e interpretar o material do paciente dentro do processo psicanalítico. Para esse fim, após apresentar as origens teóricas a quem elas se referem e como tais elementos organizam seu conceito de relação de objeto, valese de um diagrama e de material clínico para demonstrar a referida técnica, na qual, entre outros detalhes, a identificação das relações de objeto, presentes a cada momento da transferência, assumem predicados operativos.

Rosine Josef Perelberg, psicanalista brasileira com formação na Inglaterra, onde reside, a partir de suas observações clínicas, propõe, em seu artigo Um pai é espancado: Construções na análise de alguns pacientes masculinos, a existência de uma fantasia por ela denominada o “pai espancado”. Segundo a autora, essa fantasia seria um importante organizador na estruturação da vida psíquica, expressando-se no trabalho de interpretação na análise de paciente masculinos. Inspirada pelas formulações de Julia Kristeva, que relaciona a representação do início da individuação com a fantasia de “uma criança é espancada”, Rosine sugere que a fantasia de espancamento pode ser considerada como parte do desenvolvimento de qualquer indivíduo masculino. Ilustra suas ideias com dois relatos de tratamentos, um derivado de sua prática clínica e outro, de um paciente de Karl Abraham.

Sessenta Anos de especularidade: revisitando o estágio do espelho de Jacques Lacan é a contribuição de Jesús Manuel Ramirez Escobar, psicólogo e doutorando da Universidade de Buenos Aires, a este número da Revista. Nesse trabalho é apresentada uma análise do texto, de 1966, O estágio do espelho de Jacques Lacan, abordando os fatos históricos que cercaram a apresentação original em 1949 e os fundamentos teóricos que podem ser resgatados a partir da filosofia hegeliana de Kojève em Paris e de seu contraste posterior com a filosofia de Levinas.

Cibele Maria M. de Baptista Brandão, psicanalista da Sociedade Psicanalítica de São Paulo, nos apresenta uma interessante articulação entre a clínica e a teoria psicanalíticas em A dor mental e as repetições compulsivas. Nesse texto, a autora aborda as dificuldades no modo de perceber e pensar a realidade em indivíduos cujo psiquismo construiu-se com base em frustrações. Cibele Brandão nos mostra, através do relato de uma análise, como uma paciente com essa organização, associada a uma repetição compulsiva que acarreta limitação e sofrimento, respondeu à abordagem psicanalítica.

Na secção de entrevistas, apresentamos o diálogo com dois psicanalistas que estiveram em visita a nossa Sociedade. Na primeira entrevista, nossa conversa foi com a psicanalista Ilany Kogan. Residindo em Israel, Ilany Kogan é reconhecida no meio psicanalítico por seus importantes trabalhos sobre a transmissão transgeracional do trauma do Holocausto, ocorrido na Segunda Guerra Mundial. Por sua vez, o psicanalista espanhol Jorge Martín-Cabré nos expõe sua trajetória profissional e, principalmente, sua ligação com as ideias e o legado de Sandór Ferenczi, um dos pioneiros da psicanálise.

Este número conta, ainda, com a colaboração de Sidnei Schestatsky, psicanalista da SPPA, que elaborou a resenha de Escape from selfhood: breaking boundaries and craving for oneness, livro escrito pela nossa entrevistada Ilany Kogan.

Ao encerrar este editorial, destaco uma alteração em uma das editorias de nossa Revista. Flávio de Oliveira e Souza, após anos de contribuição, deixa o Conselho Editorial, no qual ocupava a Editoria-Executiva. Agradecendo ao Flávio pela colaboração eficiente, a permanente disponibilidade e bom humor, lhe desejamos sucesso em seus novos empreendimentos.

Aos nossos leitores desejo que desfrutem da leitura da Revista.

Zelig Libermann
Editor da Revista de Psicanálise da SPPA

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Biografia do Autor

Zelig Libermann, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Membro da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre

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Publicado

04-12-2009

Como Citar

Libermann, Z. (2009). Editorial. Revista De Psicanálise Da SPPA, 16(3), 427–429. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v16i3.292

Edição

Seção

Editorial