Entre a norma e o poder
branquitude e a permanência do racismo estrutural
Palavras-chave:
Branquitude, Racismo estrutural, MeritocraciaResumo
A branquitude constitui um conceito sociológico que denota a posição de privilégio e vantagem estrutural ocupada por indivíduos racialmente categorizados como brancos em sociedades marcadas por hierarquias raciais, como é o caso da brasileira. Esse constructo está intrinsecamente vinculado ao processo histórico de racialização, o qual emergiu no século XIX como um discurso pseudocientífico destinado a legitimar desigualdades sociais, correlacionando traços fenotípicos — como a cor da pele — a supostas superioridades morais, intelectuais e estéticas. No contexto brasileiro, o racismo estrutural se evidencia na naturalização de instituições predominantemente brancas, cuja sub-representação de negros reflete uma ordem social que, de forma sistemática, privilegia a branquitude. Dois pilares ideológicos sustentam essa dinâmica de dominação racial: o mito da democracia racial, que dissimula as disparidades ao propagar a noção de equidade entre brancos e negros, e a meritocracia, que atribui o sucesso ao mérito individual, obscurecendo os mecanismos de privilégio inerentes à branquitude. Enquanto o racismo interpessoal se manifesta de forma explícita em atos discriminatórios, o racismo estrutural opera de modo difuso, reproduzindo desigualdades por meio de instituições e práticas sociais institucionalizadas. A superação do racismo estrutural demanda transformações estruturais, como a garantia de acesso equitativo à educação, saúde, oportunidades laborais e redistribuição de renda e terra, além do reconhecimento crítico de que a branquitude não constitui uma essência biológica, mas uma posição de poder historicamente construída e perpetuada.
Downloads
Referências
Bento, M. A. & Carone, I. (Orgs.). (2002). Psicologia social do racismo (2. ed.). São Paulo: Vozes.
Du Bois, W. E. B. (1935). Black reconstruction in America: an essay toward a history of the part which Black folk played in the attempt to reconstruct democracy in America, 1860-1880. Nova York: Harcourt, Brace and Company.
Fanon, F. (1980). Pele negra, máscaras brancas. Rio de Janeiro: Fator.
Marx, K. (1867). O Capital: livro 1. São Paulo: Boitempo Editorial.
Memmi, A. (1957). Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
Schucman, L. V. (2020). Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. São Paulo: Veneta.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Atribuo os direitos autorais que pertencem a mim, sobre o presente trabalho, à SPPA, que poderá utilizá-lo e publicá-lo pelos meios que julgar apropriados, inclusive na Internet ou em qualquer outro processamento de computador.
I attribute the copyrights that belong to me, on this work, to SPPA, which may use and publish it by the means it deems appropriate, including on the Internet or in any other computer processing.
Atribuyo los derechos de autor que me pertenecen, sobre este trabajo, a SPPA, que podrá utilizarlo y publicarlo por los medios que considere oportunos, incluso en Internet o en cualquier otro tratamiento informático.