Édipo a contrapelo
Palavras-chave:
Complexo de Édipo, Conflito estético, Sedução generalizada, Vínculos emocionais L, H, K, Filicídio, Violência primáriaResumo
O autor examina a trajetória de Édipo segundo a tragédia de Sófocles, centrando-se no sofrimento que lhe foi infringido originalmente, prévio ao seu retorno a Tebas. A partir de um poema de sua autoria intitulado “A contrapelo”, ele dá voz ao Édipo sofrente e injustiçado, que volta para mostrar ostensivamente à população da Polis, através de seus tornozelos inchados, a tortura que sofreu nas mãos de Laio e Jocasta já por ocasião do seu nascimento. Em paralelo a essa voz, escuta-se outra que comenta o comportamento de Édipo segundo a ótica de várias teorias psicanalíticas, apoiada em Freud, Bion, Melanie Klein, Laplanche, Meltzer e Ferenczi. O artigo enfatiza o quanto Édipo foi carente de experiências amorosas primárias e como esta privação deixou marcas profundas tanto no seu caráter quanto na sua conduta. No texto, o assassinato de Laio é apresentado como uma vingança merecida justamente, com a acusação ao povo de Tebas de conluio com os pais criminosos. Isto empresta ao trabalho um caráter de denúncia político-social ausente no original. Este Édipo encontra-se a contrapelo na medida em que propõe abordar o Édipo sujeito e não o Édipo rei e, consequentemente, o Édipo vítima ao invés do herói arrogante e triunfante, culpado de incesto e patricídio.
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