O inconsciente e as relações de objeto

Authors

  • Charles Hanly Sociedade Psicanalítica Canadense

Abstract

Este artigo explora o impacto dos processos inconscientes em nossa compreensão do que ficou conhecido como teorização psicanalítica relacional. Essa visão relacional está baseada em duas premissas principais: primeiro, as relações de objeto são os fatores causais fundamentais na vida psíquica em geral e na patogênese, tendo prevalência sobre as pulsões e o desenvolvimento da pulsão; segundo, a relação de objeto que existe entre o analista e o analisando é caracterizada pela ocorrência de enactments recíprocos da transferência/contratransferência. Os fundadores da teorização psicanalítica relacional afirmavam que a primazia da libido, como Freud a definiu, não concordava com as relações de objeto ou não conseguia valorizar a importância dessas relações. Contudo, Freud inclui o objeto e a relação com o objeto em sua definição esquemática de instinto. As inovações conceituais da teoria relacional são, sem dúvida, bem intencionadas. Uma vez que a implicação da objetividade do analista é considerada e que a idéia epistemológica do analista irredutivelmente subjetivo é modificada por tornar-se consistente com essa implicação, a idéia propõe uma cautela altamente salutar para os analistas, ou seja, tratar suas observações, sentimentos e idéias sobre seus pacientes com um ceticismo informado e nunca tomá-los por certos. Essa posição modificada é o realismo crítico. Finalmente, a psicanálise relacional pode acabar se tornando mais um escape do inconsciente, em vez de ser um insight mais profundo na sua natureza e em suas formas de funcionamento.

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Author Biography

Charles Hanly, Sociedade Psicanalítica Canadense

Membro da Sociedade Psicanalítica Canadense.

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Published

2023-06-14

How to Cite

Hanly, C. (2023). O inconsciente e as relações de objeto. SPPA Journal of Psychoanalysis, 10(3), 419–436. Retrieved from https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/1118