A mente do analista em formação: da escuta à interpretação

Autores

  • Raul Hartke Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Resumo

Partindo da descrição de Money Kyrle sobre o que ele denomina "momentos de não compreensão" durante a sessão e adotando o ponto de vista de que a situação analítica envolve sempre e necessariamente três grupos de componentes básicos, enumero um grupo destes componentes caracterizáveis como "terceiros virtuais", saliento os que são peculiares à mente do analista em formação (analista didata, supervisor, professores, instituto) e procuro então estudar a relação dinâmica do analista com tais componentes naqueles momentos de não compreensão. Em termos gerais descrevo formas harmônicas colaborativas e formas desarmônicas desta relação, subdividindo estas últimas em esquizoparanóides e melancólicas. Nas interações harmônicas colaborativas os "terceiros virtuais" funcionam como auxiliares silenciosos e inspiracionais do analista na sua tarefa precípua de promover mudanças psíquicas objetivando o crescimento mental do analisando. As interações desarmônicas esquizoparanóides com os terceiros giram todas basicamente em torno do eixo perseguição e idealização. As melancólicas, estão centradas no sentimento de irreparabilidade e, conseqüentemente, de incapacidade do analista ou da análise para lidar com tais momentos de não compreensão.

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Biografia do Autor

Raul Hartke, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Membro Associado da Sociedade Psicanálitica de Porto Alegre (SPPA).

Referências

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Publicado

16-06-2023

Como Citar

Hartke, R. . (2023). A mente do analista em formação: da escuta à interpretação. Revista De Psicanálise Da SPPA, 1(2), 125–138. Recuperado de https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/1135

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