O inconsciente freudiano na atualidade: um olhar lacaniano

Resumo

O autor desenvolve a definição de Lacan acerca do inconsciente estruturado como uma linguagem, para clarear, assim, as diferenças face a outros marcos conceituais que o consideram como um reservatório de fantasias ou de objetos já-dados-aí. As idéias centrais do trabalho giram em torno da diferença entre o inconsciente reprimido e o inconsciente forcluído. O autor se detém nas manifestações desse último, que se expressam atualmente nas chamadas patologias do prazer. Expõe, além disso, diferentes considerações sobre a gênese sócio-cultural da repressão e da forclusão, assim como a recaída pós-moderna em políticas de prazer que dão conta da defecção estrutural da figura simbólica do Pai Morto. Postula que a deficitária função paterna gera uma constituição subjetiva, na qual predominam os retornos, ao Real, do não simbolizado, dada a ausência do significante do Nome do Pai. Desse modo, tenta-se articular a concepção lingüística do inconsciente com a concepção freudiana do trauma enquanto núcleo forclusivo residual irredutível à metaforização. Finalmente, descrevem-se freqüentes atitudes clínicas que tendem a despoetizar e substancializar a psicanálise, transformando a hermenêutica psicanalítica, de um sentido a ser construído no encontro de dois sujeitos em transferência recíproca, em uma prática de tradução simultânea de sentidos preexistentes.