A anorexia e a bulimia: entre o corpo, o eu e o outro
Palabras clave:
anorexia/bulimia, imagem corporal, metapsicologia, manejo transferencialResumen
O comportamento alimentar, originário e essencial desde o nascimento, remete o sujeito à complexidade da sua relação com o próprio corpo, marca indelével dos efeitos da alteridade. A clínica psicanalítica da anorexia e da bulimia, por sua vez, nos confronta de saída com a questão do corpo, assim como nos coloca diante da especificidade dos processos da adolescência. Tal especificidade evoca as vicissitudes da relação precoce com a mãe no que diz respeito ao gerenciamento pulsional e sua relação com a identificação primária e, consequentemente, com os ideais, a diferenciação, a autonomia, o tempo e a morte. Este artigo traz para a discussão algumas hipóteses, elaboradas a partir da metapsicologia, com o objetivo de contribuir para uma melhor compreensão do processo de construção da imagem corporal. Destaca que o investimento materno, através da escuta e interpretação das sensações corporais realizadas pela mãe, vai construindo para o bebê a imagem de seu corpo e assim sua identidade. Para concluir, enfatiza os possíveis desdobramentos dessa construção teórica na escuta do analista diante das particularidades do manejo transferencial desses casos.
Palavras-chave: anorexia/bulimia, imagem corporal, metapsicologia, manejo transferencial.
Abstract
Anorexia and bulimia: between the body, the ego and the other
The eating behavior, originating and essential since birth, makes the individual aware of the complex relationship with his own body, an indelible mark of the effects of alterity. On the other hand, the psychoanalytical practice related to anorexia and bulimia immediately confront us with the issue of the body, as well as with the specific processes of adolescence. Such specificities evoke the vicissitudes of the early relationship with the mother regarding the management of the drives and the relationship with primary identification and consequently with ideals, differentiation, autonomy, time and death. This paper discusses some hypotheses based on metapsychology, with the aim of providing a better understanding of the process of constructing the body image. It stresses that the maternal investment, by listening and interpreting the bodily sensations, builds the baby’s image of his own body and, therefore, his identity. Finally, it emphasizes the possible repercussions of that theoretical construction in the analyst’s listening, given the peculiarities of the transference management in such cases.
Keywords: anorexia/bulimia, body image, metapsychology, transference management.
Resumen
Anorexia y bulimia: entre el cuerpo, el yo y el otro
El comportamiento alimentario, originario y esencial desde el nacimiento, remite al sujeto a su relación con el propio cuerpo, marca indeleble de los efectos de la alteridad. La clínica psicoanalítica de la anorexia y de la bulimia, a su vez, nos enfrenta de inmediato a la cuestión del cuerpo y a la especificidad de los procesos de la adolescencia. Esa especificidad evoca las vicisitudes de la relación precoz con la madre en lo que dice respecto al manejo pulsional y a su relación con la identificación primaria y, en consecuencia, con los ideales, la diferenciación, la autonomía, el tiempo y la muerte. En este artículo se ponen sobre el tapete algunas hipótesis, elaboradas a partir de la metapsicología, con el objetivo de contribuir a una mejor comprensión del proceso de construcción de la imagen corporal. Se resalta que la investidura materna, por medio de la escucha e interpretación de las sensaciones corporales realizadas por la madre, va construyendo para el bebé la imagen de su cuerpo y, así, su identidad. Para concluir, se enfatizan las posibles repercusiones de dicha construcción teórica en la escucha del analista ante las particularidades del manejo transferencial de esos casos.
Palabras clave: anorexia/bulimia, imagen corporal, metapsicología, manejo transferencial.
Descargas
Citas
Appolinário, J.C., & Claudino, A. M. (2000). Transtornos alimentares. Revista Brasileira de
Psiquiatria, 2: 28-31.
Bidaud, E. (1998). Anorexia mental, ascese, mística: uma abordagem psicanalítica. Rio de
Janeiro: Companhia de Freud.
Brecht, B. (1929/1930). A exceção e a regra. In Teatro completo (Vol. 4, pp. 129-160), 2. ed. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Bruch, H. (1973). Eating disorders: obesity, anorexia nervosa and the person within. New York:
Basic Books, Harper Torchbooks.
Brusset, B. (1991). Introduction générale. In B. Brusset, C. Couvreur, C. & A. Fine (Orgs.) La
boulimie. Monographies de la revue française de psychanalyse (pp. 7-12). Paris: P.U.F.
Camargo, A.E. (2016). A função do ambiente, as relações de troca e as angústias postas na mesa.
In S.L. Alonso, D.M. Breyton, H.M.F.M. Albuquerque & L. Cartocci (Orgs.), Corpos,
sexualidades, diversidade (pp. 167-176). São Paulo: Instituto Sedes Sapientiae/Escuta.
Cardoso, M.R. (2004). Limites. São Paulo: Escuta.
Dolto, F. (1984). A imagem inconsciente do corpo. São Paulo: Perspectiva, 2002.
Esturaro, A. (2003). Imagem corporal e auto-estima. In H.A. Bucaretchi (Org.), Anorexia e
bulimia nervosa: uma visão multidisciplinar (pp. 81-90). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Fédida, P. (1990). Auto-érotisme et autisme: conditions d’efficacité d’un paradigme en
psychopathologie. Revue Internationale de Psychopathologie, 2: 395-414.
Ferenczi, S. (1917). Les pathonévroses. In Œuvres Complètes (Vol. 2, pp. 268-277). Paris: Payot,
Fernandes, M.H. (1999). L’hypocondrie du rêve et le silence des organes: une clinique
psychanalytique du somatique. Villeneuve d’Ascq: Presses Universitaires du
Septentrion.
Fernandes, M.H. (2002). A hipocondria do sonho e o silêncio dos órgãos: o corpo na clínica
psicanalítica. In: Aisenstein, M., Fine, A. & Pragier, G. (orgs.) Hipocondria (pp. 173-
. São Paulo: Escuta.
Fernandes, M.H. (2003a). As formas corporais do sofrimento: a imagem da hipocondria na
clínica psicanalítica contemporânea. In: Volich, R.M., Ferraz, F.C. & Ranña, W. (orgs.)
Psicossoma III: interfaces da psicossomática (pp. 107-129). São Paulo: Casa do
Psicólogo.
Fernandes, M.H. (2003b). Corpo. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Fernandes, M.H. (2004). A ‘feiticeira metapsicologia`. Percurso, 31/32: 99-110.
Fernandes, M.H. (2006a). Transtornos alimentares: anorexia e bulimia. São Paulo: Casa do
Psicólogo.
Fernandes, M.H. (2006b). A mulher-elástico. Viver – mente & cérebro, 161, 28-33. (artigo
republicado na Edição Especial As faces do feminino: dimensões psíquicas da mulher.
Mente & cérebro, 18: 78-82, 2009).
Fernandes, M.H. (2008). As mulheres, o corpo e os ideais. In R.M. Volich, F.C. Ferraz & W.
Ranña (Orgs.), Psicossoma IV – Corpo, história e pensamento (pp. 207-220). São Paulo:
Casa do Psicólogo.
Fernandes, M.H. (2009). Le corps fétiche: La clinique miroir de la culture. In J-L Gaspard &
C. Doucet (Orgs.), Pratiques et usages du corps dans notre modernité (pp. 117-127).
Toulouse: Érès.
Fernandes, M.H. (2010). O corpo recusado na anorexia e o corpo estranho na bulimia. In A. P.
Gonzaga & C. Weinberg (Orgs.), Psicanálise de transtornos alimentares (pp. 39-69).
São Paulo: Primavera.
Fernandes, M.H. (2011). O corpo e os ideais na clínica contemporânea. Revista Brasileira de
Psicanálise, 45(4): 43-55.
Fernandes, M.H. (2012a). The body in anorexia and bulimia. Eating Disorders – Revista Latinoamericana
de Psicopatologia Fundamental, 15(3): 668-682.
Fernandes, M.H. (2012b). Mãe e filha… uma relação tão delicada…. In E.M. Marraccini, M.H.
Fernandes, M.R. Cardoso, S. Rabello (Orgs.), Limites de Eros (pp. 87-119). São Paulo:
Primavera.
Fernandes, M.H. (2013a). El cuerpo y los ideales en el malestar femenino. In J.J. Orejuela &
M.A. Moreno (Orgs.), Abordajes psicoanalíticos a inquietudes sobre la subjetividad II
(pp. 59-68). Cali: Bonaventuriana.
Fernandes, M.H. (2013b). A clínica psicanalítica da anorexia e da bulimia e a lógica perversa.
Cadernos de Psicanálise da Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro –
SPCRJ, 29(32): 61-81.
Fernandes, M.H. (2013c). La construction du corps dans l´anorexie des jeunes filles. In D.
Butnaru & D. Le Breton (Orgs.), Corps abîmés (pp. 31-40). Strasbourg: Presses de
l´Université Laval.
Fernandes, M.H. (2014). En quête du corps propre. In J-L. Gaspard (Org.), La souffrance de
l´être. Formes modernes et traitements (pp. 137-150). Toulouse: Érès.
Fernandes, M.H. (2015). De mãe para filha. Mente & cérebro – Edição comemorativa dos 10 anos
da revista – No limite do estresse, 267: 48:53.
Fernandes, M.H. (2016a). A anorexia e a bulimia em Freud. In G. Weinberg (Org.), Psicanálise
dos transtornos alimentares II (pp. 170-190). São Paulo: Primavera.
Fernandes, M.H. (2016b). Onde começa o corpo?. IDE Corpo: mistério, ambiguidade.
Psicanálise e cultura/Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, 38(61): 13-26).
Fernandes, M.H. (2016c). A construção do corpo na anorexia das meninas. In J.V. Novaes &
J. Vilhena (Orgs.), Que corpo é este que anda sempre comigo? Corpo, imagem e
sofrimento psíquico (pp. 259-272). Curitiba: Appris.
Fischler, C. (1979) Gastro-nomie et gastro-anomie. Communications, 31: 189-210.
Fischler, C. (1990). L’Homnivore. Paris: Odile Jacob.
Flandrin, J-L. & Montanari, M. (Orgs.) (1998). A história da alimentação. São Paulo: Estação
Liberdade.
Freire Costa, J. (2004). O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo. Rio de
Janeiro: Garamond.
Freud, S. (1914). Pour introduire le narcissisme. In La vie sexuelle (pp. 81-105). Paris: PUF, 1995.
Freud, S. (1920). Au-delà du principe de plaisir. In Essais de psychanalyse (pp. 43-115). Paris:
Payot, 1981.
Freud, S. (1923). Le moi et le ça. In Œuvres Complètes (v. 16, pp. 255-301). Paris: PUF, 1991.
Freud, S. (1924). Le problème économique du masochisme. In Œuvres Complètes (v. 17, pp.
‑23). Paris : PUF, 1992.
Freud, S. (1926). Inhibition, symptôme et angoisse. In Œuvres Complètes (v. 17, pp. 203-286).
Paris : PUF, 1992.
Freud, S. (1927). Fétichisme. In Œuvres Complètes (v. 18, pp. 123-131). Paris : PUF, 1994.
Freud, S. (1938). Le clivage du moi dans le processus de défense. In Résultats, idées, problèmes
(pp.283-286). Paris: PUF, 1995.
Freud, S. (1940). Abrégé de Psychanalyse. Paris: PUF, 1992.
Green, A. (1999). Genèse et situation des états limites. In J. André (Org.), Les états limites (pp.
-68). Paris : PUF.
Jeammet, Ph. (1985). Actualité de l’agir: à propos de l’adolescence. Nouvelle Revue de
Psychanalyse, 31: 201-222.
Kestemberg, E., Kestemberg, J. & Decobert, S. (1972). La faim et le corps. Paris: PUF, 1998.
Kreisler, L. (1987). Le nouvel enfant du désordre psychosomatique. Paris: Privat.
Kreisler, L., Fain, M. & Soulé, M. (1981). A criança e seu corpo: psicossomática da primeira
infância. Rio de Janeiro: Zahar.
Lacan, J. (1949). Le stade du miroir comme formateur de la fonction du je. In Écrits I (pp. 92-99).
Paris: Seuil, 1966.
Lévi-Strauss, C. (1964). Mythologiques, I: le cru et le cuit. Paris: Plon.
Lévi-Strauss, C. (1967). Mythologiques, II: du miel aux cendres. Paris: Plon.
Lévi-Strauss, C. (1968). Mythologiques, III: l’origine des manières de table. Paris: Plon.
Pessoa, F. (1911/1912) O guardador de rebanhos. In Obra poética (pp. 137-162). Rio de Janeiro:
Nova Aguilar, 1983.
Schilder, P. (1950) L’image du corps. Paris: Gallimard, 1991.
Vindreau, C. (1991). La boulimie dans la clinique psychiatrique. In Brusset, B, Couvreur, C.
& Fine, A. (orgs.) La boulimie. Monographies de la revue française de psychanalyse
(pp.63-79). Paris: P.U.F.
Volich, R.M. (2002). Hipocondria: impasses da alma, desafios do corpo. São Paulo: Casa do
Psicólogo.
Winnicott, D.W. (1974). Le rôle de miroir de la mère et de la famille dans le développement de
l’enfant. Nouvelle Revue de Psychanalyse, 10:79-86.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Atribuo os direitos autorais que pertencem a mim, sobre o presente trabalho, à SPPA, que poderá utilizá-lo e publicá-lo pelos meios que julgar apropriados, inclusive na Internet ou em qualquer outro processamento de computador.
I attribute the copyrights that belong to me, on this work, to SPPA, which may use and publish it by the means it deems appropriate, including on the Internet or in any other computer processing.
Atribuyo los derechos de autor que me pertenecen, sobre este trabajo, a SPPA, que podrá utilizarlo y publicarlo por los medios que considere oportunos, incluso en Internet o en cualquier otro tratamiento informático.