Destruição da cultura, destruição de significados e representações

Abstract

As transformações sociais que vêm ocorrendo na história recente da humanidade, com a globalização, acumulação de riquezas, as populações
letradas aumentando, assim como a liberdade individual, paradoxalmente, trazem consigo também o aumento da insegurança, da perda do emprego, o estado deixa de ser um ordenador da economia, nos tornamos anacrônicos mais precocemente. Resulta numa perda de valores morais e culturais. As patologias e os fenômenos que ocorrem dentro dos consultórios, resultantes dessas transformações, trazem quadros clínicos nos quais a pobreza construtiva do sentido e da subjetividade é a tônica, com grande perda da interioridade. A dinâmica das transformações sociais que rompem com as culturas estabelecidas traz a possibilidade de destruição do sentido e das representações psíquicas. A cultura, em seu sentido amplo, através dos rituais e dos mitos, tem a função do sonho que nos humaniza, recheia nossa vida
de significado e sentido. Seguindo a Bion, o autor sustenta que os elementos oníricos constroem o território do inconsciente e do consciente, através da barreira de contato. Assim cria-se a estrutura da intimidade, a forma que separa o feminino do masculino, o vivo do morto, o interno do externo. Os sonhos não somente povoam o espírito como também lhe fornecem sua arquitetura e possibilitam a vida de relação com as pessoas e com o mundo. O autor destaca a necessidade do aconchego humano para que a capacidade de produzir sonhos se realize (AU)