Mudanças técnicas no tratamento psicanalítico em um caso de adolescente borderline: de Mancha Negra a Branca de Neve

Authors

  • Cinzia Carnevali Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI) Centro Psicoanalitico di Bologna (CPB)
  • Maddalena Marascutto Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI) Centro Milanese di Psicoanalisi (CMP)

Keywords:

escuta, presença disponível, campo bipessoal, agir, rêverie, desenho, desenvolvimento narrativo, experiência compartilhada.

Abstract

A análise com adolescentes implica mudanças no tratamento psicanalítico que favorecem uma nova experiência compartilhada entre paciente e analista, no qual dois inconscientes se comunicam e se transformam reciprocamente dentro de um campo bipessoal. Consideramos que o elemento fundamental da transformação é a disponibilidade da analista para acolher as diferentes modalidades de comunicação (ações, enactment, desenho, rêverie) que foram construídas graças à adesão ao setting analítico e à pessoa da analista que se deixou usar pela adolescente. No contato com o medo e a impotência de um pensamento vazio de representações, pode acontecer que o agir da analista funcione como socorro, como remédio à urgência, e que forneça uma saída; trata-se de algo que não se encontra ali para ser decodificado, mas que está à espera de uma rêverie e de um desenvolvimento narrativo. Como numa cena de teatro, os desenhos conferem figurabilidade aos conflitos, às emoções, às lembranças evocadas na consulta e tornam acessível a entrada do novo e do não representável.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biographies

Cinzia Carnevali, Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI) Centro Psicoanalitico di Bologna (CPB)

Psicanalista e membro associado da Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI) e do Centro Psicoanalitico di Bologna (CPB).

Maddalena Marascutto, Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI) Centro Milanese di Psicoanalisi (CMP)

Psicanalista e membro associado da Sociedade Psicanalítica Italiana (SPI) e do Centro Milanese di Psicoanalisi (CMP).

References

Aisenstein, M. (2004a). O sonho, objeto de comércio. Revista de Psicanálise da SPPA, 11(2): 251-259.

______. (2004b). Aspectos técnicos e teóricos sobre a psicossomática e a ação terapêutica da psicanálise. Revista de Psicanálise da SPPA, 11(2): 269-281.

Alvarez, A. (1992). Companhia viva: psicoterapia com crianças autistas, borderlines, carentes e maltratadas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

______. (1997). Falhas na vinculação: ataques ou deficiências? In M.O. França (Org.), Bion em São Paulo: ressonâncias. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado.

Andreucci, J. T. C. (2000). Comunicação pessoal.

Balint, M. (1967). A falha básica. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

Bion, W. R. (1961). Uma teoria do pensar. In E. B. Spillius (Ed.), Melanie Klein hoje (Vol. 1, pp. 185-193). Rio de Janeiro: Imago, 1991.

______. (1962). Learning from experience. London: Karnac, 1984.

______. (1963). Elements of psycho-analysis. London: Karnac, 1984.

______. (1965). Transformations. London: Karnac, 1984.

______. (1967). Second thoughts. London: Karnac, 2006.

______. (1970a). Medicina como modelo. In W. R. Bion, Atenção e interpretação. Rio de Janeiro: Imago, 2006.

______. (1970b). Reality sensuous and psychic. In W. R. Bion, Attention and interpretation. A Janson Aronson Book, 2004.

______. (1977). Cesura. Revista Brasileira de Psicanálise, 15: 123-136, 1981.

______. (1992). The tropisms. In W. R. Bion, Cogitations. London: Karnac, 2005.

Cassorla, R. M. S. (2005a). From bastion to enactment: the ‘non-dream’ in the theater of analysis. International Journal of Psychoanalysis, 86(3): 699-719.

______. (2005b). Considerações sobre o sonho-a-dois e o não-sonho a dois no teatro da análise. Revista de Psicanálise da SPPA, 12(3):527-552.

______. (2009). Reflexões sobre não-sonho-a-dois, enactment e função-alfa implícita do analista. Trabalho apresentado no encontro Pensando a Psicanálise da SBPRP, 2, Ribeirão Preto-SP, out./ 2009.

Corrêa, M. L. P. (2008). Psicanálise e os tropismos: matrizes da vida mental. Revista Latinoamericana de Psicoanálisis, 8: 71-89.

Ferro, A. (2005). Fatores de doença, fatores de cura. Gênese do sofrimento e da cura psicanalítica. Rio de Janeiro: Imago.

Franco Filho, O. M. (2000). Experiência religiosa e psicanálise: do “Homem-Deus” ao “Homem-com-Deus”. In Livro Anual de Psicanálise, 14.

Freud, S. (1900). The interpretation of dreams. In J. Strachey (Ed. and Trans.), The standardedition of the complete psychological works of Sigmund Freud (Vol. 4-5), London: Hogarth, 1973.

______. (1905). Sobre a psicoterapia. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud, (Vol.7), Rio de Janeiro: Imago,1996.

______. (1911). Formulações sobre os dois princípios do funcionamento mental. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12, pp. 277-286), Rio de Janeiro: Imago.

______. (1915). Os instintos e suas vicissitudes. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, (Vol. 14, pp. 137-162), Rio de Janeiro: Imago, 1996.

______. (1920). Além do princípio do prazer. In S. Freud, Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, (Vol. 18, pp. 123-129), Rio de Janeiro: Imago, 1996.

______. (1927). Humour. In J. Strachey (Ed.), The standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud, (Vol. 21), London: Hogarth, 1973.

Gil, G. (1973). Preciso aprender a só ser. In Gil Luminoso (CD). Geléia Geral/ Biscoito Fino, 2006.

Holanda Ferreira, A. B. de. (1975). Novo dicionário da língua portuguesa. 1. ed. Rio de Janeiro: Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e J.E.M.M. Editores Ltda.

Jacobs, T. (1991). On countertransference enactments: The Use of the self: countertransference and communication in the analytic situation. Madison (CT, USA): International Universities Press, 1991.

Kristeva, J. (1993). As novas doenças da alma. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

Marques, T. H. T. (2006). Observando o trânsito da existência. Rev. Bras. de Psicanálise, 40(3).

Meltzer, D. (1984). Dream-life: a re-examination of the psycho-analytical theory and technique. Perth: Clunie forThe Roland Harris Trust Library, n. 12.

______. (1992). The claustrum. An investigation of claustrophobic phenomena. Gloucester, Inglaterra: Clunie.

Mezan, R. (1985). Freud, pensador da cultura. São Paulo: Cia. das Letras, 2006.

Ogden, T. (1986). The matrix of the mind. London: Maresfield Library, 1992.

______. (1989). Sobre o conceito de uma posição autística-contígua. Rev. Bras. de Psic., 30(2), 1996.

______. (1996). Os sujeitos da psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.

______. (1997). Reverie and interpretation: sensing something human. Northvale, NJ: Jason Aronson.

______. (2004). This art of psychoanalysis. Int. J. Psychoanalysis, (85): 857-877.

______. (2007). On talking-as-dreaming. Int. J. Psychoanalysis, (88): 575-589.

Ribeiro, P. M. M. (2006). Tecendo o continente: ‘pensamento’ como superfície sensorial. Revista Bras. de Psicanálise, 39(4).

______. (2007). Sonhando sonhos com quem não aprendeu a sonhar. Trabalho apresentado no Congresso Brasileiro de Psicanálise, 21, maio de 2007, Porto Alegre/RS.

______. (2009). Equívocos malignos. Alter., 27(2), 2009.

______. (2010). Configurações edípicas inconscientes e a práxis do analista. Berggasse 19, 2(2), 2011.

Roazen, P. (1995). Como Freud trabalhava. São Paulo: Companhia das Letras,1999.

Sandler, P. C. (1999). Uma teoria sobre o exercício de feminilidadeßàmasculinidade. Rev. Brasileira de Psicanálise, 33(3).

Sapienza, A. (1999). Reflexões clínicas sobre o uso e manutenção das funções psicanalíticas. Texto apresentado no Instituto de Psicologia da USP de São Paulo, out./1999.

Shakespeare, W. (1612). The tempest. In W. Shakespeare, The riverside Shakespeare. Boston: Houghton Mifflin Company, 1974.

Symington, N. (2007) A technique for facilitating the creation of mind. Int. J. Psychoanalysis, 88(6).

Tustin, F. (1981). Psychological birth and psychological catastrophe. Do I dare disturb the universe? London: Karnac, 1988.

Winnicott, D. W. (1951). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In D. W. Winnicott, Da pediatria à psicanálise: obras escolhidas. Rio de Janeiro: Imago, 2000.

______. (1962). A integração do ego no desenvolvimento da criança. In D. W. Winnicott, O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

______. (1963). O medo do colapso. In D. W. Winnicott, Explorações psicanalíticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

______. (1968). A comunicação entre o bebê e a mãe e entre a mãe e o bebê: convergências e divergências. In D. W. Winnicott, Os bebês e suas mães. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

______. (1971). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

Published

2014-04-28

How to Cite

Carnevali, C., & Marascutto, M. (2014). Mudanças técnicas no tratamento psicanalítico em um caso de adolescente borderline: de Mancha Negra a Branca de Neve. SPPA Journal of Psychoanalysis, 21(1), 141–154. Retrieved from https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/44

Issue

Section

Artigos