Clínica psicanalítica pais e bebês on-line: repercussões na técnica

Autores

Palavras-chave:

clínica psicanalítica contemporânea, atendimento on-line, clínica pais e bebês, fenômenos primitivos, técnica psicanalítica.

Resumo

A necessidade de isolamento social impulsionou psicanalistas a pensarem sobre formas de acolher bebês com sinais de sofrimento psíquico e suas famílias. Se a análise on-line com adultos é considerada desafiante, como sustentar o uso dessa tecnologia na clínica pais-bebês? Apresentamos reflexões sobre o uso da tecnologia a partir de vinhetas clínicas, na interface com impactos sobre a técnica e a ética. Diante da necessidade de garantir um olhar de prevenção, questionamos: como preservar o setting, o enquadre interior do analista, o campo da linguagem, a observação fina do que emana do bebê e de seus pais? Como entrar em contato com os mundos internos do analista, dos pais e do bebê, e utilizá-los no campo analítico on-line? Ao alterar o nosso olhar, fazemos um deslocamento dentro do setting analítico, admitindo a possibilidade de nova perspectiva simbólica, nova relação com a técnica, conosco, com o outro, com o saber/não saber. Apostamos na “interface” digital na clínica pais e bebês on-line, desde que consideradas as implicações técnicas e éticas que devem pautar a orientação clínica, acima de modismos e necessidades emergenciais, mas na urgência psíquica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marisa Amorim Sampaio, Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)

Doutora e Mestra em Saúde Materno Infantil pelo Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), com realização de Programa de Doutorado Sanduíche na Clínica Tavistock, Londres, Reino Unido. Pós-Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).  Docente permanente da UNICAP (graduação e pós-graduação em Psicologia Clínica). Membro do Grupo de Trabalho da ANPEPP “Parentalidade e desenvolvimento infantil em diferentes contextos”.

Maria do Carmo Camarotti, Ciclos da Vida

Psicóloga e psicanalista, mestra em Saúde Materno Infantil pelo Instituto Materno Infantil Prof. Fernando Figueira - IMIP. Especialista e formadora nas interações pais-bebê. Professora e supervisora em Clínica do Bebê na Faculdade de Ciências Humanas de Olinda -FACHO. Professora e coordenadora da Pós-graduação em Clínica Psicanalítica do Bebê na Faculdade Frassinetti do Recife -FAFIRE. Membro da Coordination Internationale entre Psychotherapeutes Psychanalystes s’occupant de personnes avec Autisme (CIPPA). Membro e co-fundadora do Réseau International d’Etude sur la Psychopathologie et la Psychanalyse de L´Infans-RIEPPI. Fundadora e coordenadora do Ciclos da Vida - Centro de Formação e Acompanhamento (Recife).

Referências

Aragão, R. O., & Marin, I. K. (2014). Entre o estranho e o familiar - desafios para a prevenção. Estilos da Clinica, 19(1), 57-66. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282014000100004&lng=pt&tlng=pt.

Aryan, A., Briseño, A., Carlino, R., Estrada, T., Gaitán, A., Manguel, L. (2015). Psicanálise à distância: um encontro além do espaço e do tempo. Calibán: Revista Latinoamericana de Psicoanálisis, 13(2), 60-75. Recuperado de http://www.bivipsi.org/wp-content/uploads/Caliban_Vol13_No2_2015_-port_p60-75.pdf

Bion, W. (1991). O aprender com a experiência. Rio de Janeiro: Imago, 1991. (Original publicado em 1962)

Bonino, S. D., & Ball, K. (2013). From torment to hope: countertransference in parent-infant psychoanalytic psychotherapy. International Journal of Infant Observation and Its Applications, 16(1), 59-75. doi: 10.1080/13698036.2013.765661

Cassorla, R.M.S. (2013). Afinal, o que é esse tal enactment? Jornal de Psicanálise, 46 (85), 183-198. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/jp/v46n85/v46n85a17.pdf

Cassorla, R.M.S. (2016). O psicanalista, o teatro dos sonhos e a clínica do enactment. São Paulo: Blucher.

Cassorla, R.M.S. (2017). Afinal, o que é esse tal enactment? In Cintra, E. M. U.; Tamburrino, G.; Ribeiro, M., F R (Orgs.) Para além da contratransferência: o analista implicado. São Paulo: Zagodoni.

Cullere-Crespin, G. (2004). A clínica precoce: o nascimento do humano. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Figueiredo, L.C. (2007). A metapsicologia do cuidado. Revista Psychê, 21, 13-30. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382007000200002

Figueiredo, L.C. (2020). A virtualidade do dispositivo de trabalho psicanalítico e o atendimento remoto: uma reflexão em três partes. Cad. Psicanálise (CPRJ) Rio de Janeiro, 42 (42), 61-80. http://cprj.com.br/ojs_cprj/index.php/cprj/article/view/210

Freud, S. (1996). Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise. In O caso Schereber, artigos sobre técnica e outros trabalhos. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12, pp.). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1912).

Golse, B. (2003). Sobre a psicoterapia pais-bebê: narratividade, filiação e transmissão. São Paulo: Casa do Psicólogo.

International Psychoanalytical Association. (2020). Practice note: on the use of telephone and/or VoIP technologies in analysis. https://www.ipa.world/IPA/en/IPA1/Procedural_Code/Practice_Notes/ON_THE_USE_OF_SKYPE__TELEPHONE__OR_OTHER_VoIP_TECHNOLOGIES_IN_ANALYSIS_.aspx

Jerusalinsky, J. (2020). Ser bebê, criança e adolescente na pandemia: cuidar e educar nas encruzilhadas entre a estruturação psíquica e o risco e covid-19. Revista Crianças, Peças soltas, junho: 1-9. Disponível em https://lalalingua.com.br/tipos-de-posts/ser-bebe-crianca-e-adolescente-na-pandemia/

Kowacs, C. (2018). Identificação projetiva eletronicamente mediada: o analista e o dialeto virtual. Revista de Psicanálise da SPPA, 25(2), 395-418.

Kreisler, L., Fain, M., & Soulé, M. (1981). A criança e seu corpo. Psicossomática da primeira infância. Rio de Janeiro, RJ Zahar Editores.

Lebovici, S. (1994). Empathie et «enactment» dans le travail de contre-transfert. Revue Française de Psychanalyse, 58, 1551-1562. doi: 10.3917/rfp.g1994.58n5.1551

Mendes de Almeida, M. (2020). Pandemia e trabalho psicanalítico, do presencial ao remoto: contato com a vida dos estados primitivos da mente em contexto de viralização de angústias. Revista Brasileira de Psicanálise, 54(3), 65-80. Recuperado em 15 de dezembro de 2021, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486-641X2020000300007&lng=pt&tlng=pt.

Mendes, R. (2015). Smartphones: objeto transicional e conectividade de um novo espaço potencial. Estudos de Psicanálise, (44), 133-144. Recuperado em 15 de dezembro de 2021, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372015000200015&lng=pt&tlng=pt.

Ogden, T. H. (1994). Os sujeitos da psicanálise. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.

Parlato-Oliveira, E. (2016). A construção do olhar nos bebês com baixa-visão. In Kupfer, M.C., & Szejer, M. Luzes sobre a clínica e o desenvolvimento de bebês: novas pesquisas, saberes e intervenções (pp.155-162). São Paulo, SP: Instituto Langage.

Queiroz, E.F. (2007). Trama do olhar. Coleção clínica psicanalítica. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Queiroz, E.F., & Donard, V. (2016). Psicoterapias via webcam: uma perspectiva psicanalítica. In Costa-Fernandez, E. M., & Donard, V. (Orgs.). O psicólogo frente ao desafio tecnológico: novas identidades, novos campos, novas práticas (pp. 161-171). Recife: Editora UFPE; UNICAP.

Sampaio, M., & Camarotti, M. do C. (2020). Fenômenos primitivos no campo analítico: construção de uma clínica com pais e bebês. Estilos da Clínica, 25(3), 488-500. https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v25i3p488-500

Scharff, J.S. (2013). Clinical issues in analysis over the telephone and the internet. In Psychoanalysis online: mental health, teletherapy and training (pp. 61-74). London: Karnac.

Virole, B. (2015). Immersion dans les mondes virtuels et émergence de I´intentionnalité. Conférence au congrès de Perspectives Psychiatriques « L’intelligence artificielle au défi de l’intersub jectivité ». 13 Mars 2015 Disponível em http://virole.pagesperso-orage.fr./IAPSY.pdf.

Winnicott, D.W. (1975). O brincar e a realidade. (J. Salomão, trad.). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1967).

Publicado

04-08-2021

Como Citar

Amorim Sampaio, M., & Camarotti, M. do C. (2021). Clínica psicanalítica pais e bebês on-line: repercussões na técnica. Revista De Psicanálise Da SPPA, 28(2), 483–502. Recuperado de https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/sampaio_camarotti