Um analista pensa sobre histórias em quadrinhos: relato de uma experiência em um contexto de difusão da psicanálise
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v15i2.579Palavras-chave:
Psicanálise, Narração, Difusão da psicanálise, História, Historização, Mente do psicanalistaResumo
A partir do relato de uma participação em atividade de difusão da psicanálise, a autora sugere que essas podem ser oportunidades de aprender sobre nossa profissão desde um outro vértice. Nessas tarefas o psicanalista precisa encontrar uma forma de comunicar-se com a audiência que é, necessariamente, diferente da que utiliza em seu consultório ou em discussões com colegas. Esse esforço pode iluminar a escuta analítica, identificando nossas premissas de observação e nossa avaliação dos resultados obtidos. Nessa experiência específica, a autora constata como especificamente analítica a busca por entender além do já compreendido, do já conhecido. A experiência relatada diz respeito à proposta a alguns pais de filhos em diferentes idades a que lessem para eles (e com eles) três histórias em quadrinhos e depois relatassem o que acontecera, fosse qual fosse o resultado. Desse rico material, a autora destaca a interação como essencial à possibilidade do acontecer da experiência. E ainda o investimento afetivo como determinante da qualidade dos resultados; a história nunca tomada literalmente, sempre construída, construída como pessoal e intransferível, mas significativa apenas se compartilhada, o encantamento da interação (crianças/pais, autora/crianças, pais e relatos), a abertura de significados e possibilidades que resultou da experiência, a fala como recurso essencial à comunicação, à construção de símbolos, à individualidade. Achado talvez principal foi a busca por entendimento enquanto característica comum a todos os entrevistados, sinalizando ser essa busca intrinsecamente uma necessidade humana. A verdade da história encontrada mostrou-se menos importante que o encontro de uma história entendida, essa sim verdadeira. A autora sugere que o estudo de nossas mentes na atividade de difusão da psicanálise pode ser útil também para nossa própria convicção do valor do instrumento psicanalítico (AU)
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