A presença da ausência do pai no desenvolvimento “rumo à independência”
Palavras-chave:
Pai, Desenvolvimento, Construção de identidade, Diferenciação, WinnicottResumo
Uma vivência clínica remete a um conceito teórico de Winnicott que dá significado a esta vivência e esclarece o conceito. É desta experiência que trata o presente trabalho. O encontro analítico com pacientes homens fez a autora pensar na importância do pai para os filhos ao longo da vida. Não apenas o pai real, ou o pai edípico que se desdobra no pai superegóico, ou o pai como figura de identificação, mas a relação com o pai em todas as suas dimensões, fator de construção da identidade. Sem desconsiderar ser esta relação essencial para filhos e filhas, a autora reflete sobre a relação dos filhos homens com os pais, a partir do trabalho com analisandos que não contaram com a possibilidade de crescer tendo os pais presentes. Estas experiências psicanalíticas evidenciaram a importância de tornar-se adulto junto ao pai que envelhece. Este acompanhar-se na vida leva a questionar o mito infantil de pai, modificando a identificação com este mito infantil como ideal de si mesmo. A oportunidade de reconhecer o pai como um indivíduo que constrói sua história, o reconhecimento de estar construindo uma outra história, própria, possibilita ao filho –e ao pai- o compartilhamento de vivências em uma relação mais realista ao longo da vida. Isto humaniza esta relação, interna e externa, tornando possível usufruir da amizade oriunda da rivalidade masculina, de que fala Winnicott. A conquista da independência que possibilita esta amizade é acontecimento de toda a vida, como ensina este autor e as reflexões a partir das vivências clínicas aqui esboçadas (AU)Downloads
Referências
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