A verdade e a mentira no “fingidor”: a propósito do artigo de Helene Deutsch
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v26i1.404Resumo
O poeta se define como “um fingidor” que “finge tão completamente, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”. O psicanalista se define como “um bom ouvinte”, devidamente treinado para identificar os sons e as imagens surgidos das profundezas do inconsciente do seu analisando e de seu próprio inconsciente, para que aquele desmascare o “fingidor”, assumindo “a dor que deveras sente”.
Esse início de conversa, motivado pelo honroso convite para escrever um comentário referente ao clássico artigo de Helene Deutsch – O impostor: contribuição à psicologia do ego de um tipo de psicopata –, de 1955, evoca a forma poética que de maneira tão sutil descreve o tema proposto, e nos ensina que a dimensão de uma difícil tarefa pode ser atenuada com a ajuda da percepção sensível dos artistas e dos modelos psicanalíticos internalizados.
Pretendo focar-me no conteúdo do estimulante trabalho de Deutsch, cotejando-o com os desenvolvimentos propostos por Melanie Klein no seu clássico artigo, também de 1955, Sobre a identificação. Também vou me valer da ajuda de Orson Welles, que em 1941 transformou John Foster Kane em um personagem imortal. Finalizando, a discussão de um material clínico pode ser útil para pensarmos como a psicanálise evoluiu, em termos de teoria e técnica, nessas últimas décadas.
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Referências
Deutsch, H. (1955). The impostor: contribution to Ego psychology of a type of psychopath, The Psychoanalytic Quarterly, 80:4, 2011.
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Welles, O. (1941). Citizen Kane. São Paulo: Continental home video.
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