Duas vozes superegoicas nos Lusíadas, de Luiz de Camões, e mais uma em Fernando Pessoa
Palavras-chave:
supereu, campo superegóico, figuras superegoicas, Camões, Fernando PessoaResumo
A questão do campo superegoico e da formação de diferentes figuras de supereu é abordada, tomando como ponto de partida personagens de Os Lusíadas (1963), de Luiz de Camões, e de um poema de Fernando Pessoa. Nestes personagens, identificamos um supereu prudente, censurador e inibidor, um supereu absoluto, invejoso, destrutivo e aniquilante e um supereu amoroso, bem-amado e protetor. Levantamos algumas ideias sobre a clínica psicanalítica e de como trabalhar terapeuticamente com diferentes qualidades e intensidades superegoicas em que variam o quociente pulsional e o quociente cultural ou intersubjetivo, bem como sua maior ou menor integração. Sugerimos que, nas patologias em que predominam as fantasmagorias superegoicas, o trabalho necessita que levemos em consideração as bases do supereu amoroso e bem-amado geradas nas experiências de apego confiável e duradouro, quando a procura de segurança é satisfeita e eventualmente idealizada.
Downloads
Referências
Bion, W. R. (2022a). Arrogância. In No entanto, pensando melhor. São Paulo: Blucher.
Bion, W. R. (2022b). Ataques contra os vínculos. In No entanto, pensando melhor. São Paulo: Blucher.
Brun, S. (2024). A função do reconhecimento na clínica psicanalítica. São Paulo: INM Editora.
Camões, L. (1963). Os Lusíadas: obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar Editora.
Caper, R. (2002). Sobre a dificuldade em fazer uma interpretação mutativa. In Tendo mente própria. Rio de Janeiro: Imago.
Cardoso, M. R. (2002). Superego. São Paulo: Escuta.
Eaton, J. L. (2005). The obstructive object. Psychoanalytic review, 92, 355-372.
Ferenczi, S. (2025). O problema do término da análise. Tradução direta do alemão de Lucas Krüger. Porto Alegre: Artes e Ecos.
Figueiredo, L. C. (2003). A quinta coluna. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 6, 178-181.
Figueiredo, L. C. (2012). Intersubjetividade, mundo interno e superego. In N. Coelho Junior, P. Salem & P. Klautau (Orgs.), Dimensões da intersubjetividade. São Paulo: Escuta.
Figueiredo, L. C. (2024). Notas sobre pertencimento e não pertencimento. In L. Schmal et al. (Org.), PertenSer. Porto Alegre: Itipoa.
Freud, S. (2010a). Novas conferências introdutórias à psicanálise. A dissecação da personalidade psíquica. In S. Freud, Obras completas (Vol. 18, pp. 192-223). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1933).
Freud, S. (2010b). Mal-estar na civilização. In S. Freud, Obras completas (Vol. 18, pp. 13-122). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1930).
Freud, S. (2010c). Luto e melancolia. In. S. Freud, Obras completas (Vol. 12, pp. 170-194). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1917).
Freud, S. (2011). O eu e o id. In S. Freud, Obras completas (Vol. 16, pp. 13-74). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1923).
Freud, S. (2018). Compêndio de psicanálise. In S. Freud, Obras completas (Vol. 19, pp. 189-273). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1939).
Freud, S. (2024). Introdução ao narcisismo. In S. Freud, Obras Completas (Vol. 12, pp. 13-50). São Paulo, Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1914).
Green, A. (2002). La position phobique central. In La pensée clinique. Paris: Odile Jacob.
Holmes, J. (2011). Superego: an attachment perspective. The International Journal of Psychoanalysis, 92(5), 1221–1240. https://doi.org/10.1111/j.1745-8315.2011.00411.x
Kernberg, O. F. (1970). A psychoanalytic classification of character pathology. Journal of the American Psychoanalytic Association, 18(4), 800-822.
Kernberg, O. F. (2004). Perversion, perversity, and normality: diagnostic and therapeutic considerations. In Aggressivity, narcissism, and self-destructiveness in the psychotherapeutic relationship: new developments in the psychopathology and psychotherapy of severe personality disorders (pp. 76-92). London: Yale University Press.
Klein, M. (1975). On the development of mental functioning. In The writings of Melanie Klein (Vol. 3, pp. 236-246). Londres: The Institute of Psychoanalysis.
Lacan, J. (1986). O seminário, livro 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Zahar.
Lansky, M. R. (2004). Conscience and the project of psychoanalytic science of human nature: clarification of the usefulness of the superego concept. Psychoanalytic inquiry: a topical journal of mental health, 42, 151-174.
Naffah Neto, A. (no prelo). A problemática do superego em D. W. Winnicott: sua versão saudável e patológica. In E. Marraccini (Org.) Superego: das tramas do conceito às sutilezas da clínica. São Paulo: Blucher.
O'Shaughnessy, E. (1999). ‘Relating to the Superego’, International Journal of
Psychoanalysis, 69, 457-570.
Pessoa, F. (1934). O mostrengo. In Mensagem. 10. ed. Lisboa: Ática, 1972.
Riesemberg-Malcolm, R. (1987). The constitution and operation of the super ego, Psychoanalytic Psychotherapy, 3(2), 149-159.
Rosenfeld, H. (1971). A clinical approach to the psychoanalytic theory of the life and death instincts: an investigation into the aggressive aspects of narcissism. International Journal of Psychoanalysis, 52, 169-178.
Shafer, R. (1960). The loving and beloved superego in Freud's structural theory, The Psychoanalytic Study of the Child, 15(1), 163-188.
Strachey, J. (1934). The nature of the therapeutic action of psychoanalysis. The International Journal of Psychoanalysis, 15, 127-159.
Winnicott, D. W. (1989). O uso de um objeto. In Explorações psicanalíticas (pp. 170-191). Porto Alegre: Artmed, 2005.
Wurmser, L. (2000). The power of Inner Judge. Londres: Jason Aronson.
Wurmser, L. (2003). The annihilating power of absoluteness: superego analysis in the severe neuroses, especially in character perversion. Psychoanalytic Psychology, 20(2), 214–235. https://doi.org/10.1037/0736-9735.20.2.214
Wurmser, L. (2004). Superego revisited-relevant or irrelevant? Psychoanalytic Inquiry, 24(2), 183–205. https://doi.org/10.1080/07351692409349079
Wurmser, L. (2007). Torment me, but don’t abandon me. Nova York: Jason Aronson.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Atribuo os direitos autorais que pertencem a mim, sobre o presente trabalho, à SPPA, que poderá utilizá-lo e publicá-lo pelos meios que julgar apropriados, inclusive na Internet ou em qualquer outro processamento de computador.
I attribute the copyrights that belong to me, on this work, to SPPA, which may use and publish it by the means it deems appropriate, including on the Internet or in any other computer processing.
Atribuyo los derechos de autor que me pertenecen, sobre este trabajo, a SPPA, que podrá utilizarlo y publicarlo por los medios que considere oportunos, incluso en Internet o en cualquier otro tratamiento informático.