Duas vozes superegoicas nos Lusíadas, de Luiz de Camões, e mais uma em Fernando Pessoa

Autores

  • Luís Claudio Figueiredo

Palavras-chave:

supereu, campo superegóico, figuras superegoicas, Camões, Fernando Pessoa

Resumo

A questão do campo superegoico e da formação de diferentes figuras de supereu é abordada, tomando como ponto de partida personagens de Os Lusíadas (1963), de Luiz de Camões, e de um poema de Fernando Pessoa. Nestes personagens, identificamos um supereu prudente, censurador e inibidor, um supereu absoluto, invejoso, destrutivo e aniquilante e um supereu amoroso, bem-amado e protetor. Levantamos algumas ideias sobre a clínica psicanalítica e de como trabalhar terapeuticamente com diferentes qualidades e intensidades superegoicas em que variam o quociente pulsional e o quociente cultural ou intersubjetivo, bem como sua maior ou menor integração. Sugerimos que, nas patologias em que predominam as fantasmagorias superegoicas, o trabalho necessita que levemos em consideração as bases do supereu amoroso e bem-amado geradas nas experiências de apego confiável e duradouro, quando a procura de segurança é satisfeita e eventualmente idealizada. 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luís Claudio Figueiredo

Psicanalista. Membro do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro. Professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) e professor da pós-graduação em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Referências

Bion, W. R. (2022a). Arrogância. In No entanto, pensando melhor. São Paulo: Blucher.

Bion, W. R. (2022b). Ataques contra os vínculos. In No entanto, pensando melhor. São Paulo: Blucher.

Brun, S. (2024). A função do reconhecimento na clínica psicanalítica. São Paulo: INM Editora.

Camões, L. (1963). Os Lusíadas: obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar Editora.

Caper, R. (2002). Sobre a dificuldade em fazer uma interpretação mutativa. In Tendo mente própria. Rio de Janeiro: Imago.

Cardoso, M. R. (2002). Superego. São Paulo: Escuta.

Eaton, J. L. (2005). The obstructive object. Psychoanalytic review, 92, 355-372.

Ferenczi, S. (2025). O problema do término da análise. Tradução direta do alemão de Lucas Krüger. Porto Alegre: Artes e Ecos.

Figueiredo, L. C. (2003). A quinta coluna. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 6, 178-181.

Figueiredo, L. C. (2012). Intersubjetividade, mundo interno e superego. In N. Coelho Junior, P. Salem & P. Klautau (Orgs.), Dimensões da intersubjetividade. São Paulo: Escuta.

Figueiredo, L. C. (2024). Notas sobre pertencimento e não pertencimento. In L. Schmal et al. (Org.), PertenSer. Porto Alegre: Itipoa.

Freud, S. (2010a). Novas conferências introdutórias à psicanálise. A dissecação da personalidade psíquica. In S. Freud, Obras completas (Vol. 18, pp. 192-223). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1933).

Freud, S. (2010b). Mal-estar na civilização. In S. Freud, Obras completas (Vol. 18, pp. 13-122). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1930).

Freud, S. (2010c). Luto e melancolia. In. S. Freud, Obras completas (Vol. 12, pp. 170-194). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1917).

Freud, S. (2011). O eu e o id. In S. Freud, Obras completas (Vol. 16, pp. 13-74). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1923).

Freud, S. (2018). Compêndio de psicanálise. In S. Freud, Obras completas (Vol. 19, pp. 189-273). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1939).

Freud, S. (2024). Introdução ao narcisismo. In S. Freud, Obras Completas (Vol. 12, pp. 13-50). São Paulo, Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1914).

Green, A. (2002). La position phobique central. In La pensée clinique. Paris: Odile Jacob.

Holmes, J. (2011). Superego: an attachment perspective. The International Journal of Psychoanalysis, 92(5), 1221–1240. https://doi.org/10.1111/j.1745-8315.2011.00411.x

Kernberg, O. F. (1970). A psychoanalytic classification of character pathology. Journal of the American Psychoanalytic Association, 18(4), 800-822.

Kernberg, O. F. (2004). Perversion, perversity, and normality: diagnostic and therapeutic considerations. In Aggressivity, narcissism, and self-destructiveness in the psychotherapeutic relationship: new developments in the psychopathology and psychotherapy of severe personality disorders (pp. 76-92). London: Yale University Press.

Klein, M. (1975). On the development of mental functioning. In The writings of Melanie Klein (Vol. 3, pp. 236-246). Londres: The Institute of Psychoanalysis.

Lacan, J. (1986). O seminário, livro 1: os escritos técnicos de Freud. Rio de Janeiro: Zahar.

Lansky, M. R. (2004). Conscience and the project of psychoanalytic science of human nature: clarification of the usefulness of the superego concept. Psychoanalytic inquiry: a topical journal of mental health, 42, 151-174.

Naffah Neto, A. (no prelo). A problemática do superego em D. W. Winnicott: sua versão saudável e patológica. In E. Marraccini (Org.) Superego: das tramas do conceito às sutilezas da clínica. São Paulo: Blucher.

O'Shaughnessy, E. (1999). ‘Relating to the Superego’, International Journal of

Psychoanalysis, 69, 457-570.

Pessoa, F. (1934). O mostrengo. In Mensagem. 10. ed. Lisboa: Ática, 1972.

Riesemberg-Malcolm, R. (1987). The constitution and operation of the super ego, Psychoanalytic Psychotherapy, 3(2), 149-159.

Rosenfeld, H. (1971). A clinical approach to the psychoanalytic theory of the life and death instincts: an investigation into the aggressive aspects of narcissism. International Journal of Psychoanalysis, 52, 169-178.

Shafer, R. (1960). The loving and beloved superego in Freud's structural theory, The Psychoanalytic Study of the Child, 15(1), 163-188.

Strachey, J. (1934). The nature of the therapeutic action of psychoanalysis. The International Journal of Psychoanalysis, 15, 127-159.

Winnicott, D. W. (1989). O uso de um objeto. In Explorações psicanalíticas (pp. 170-191). Porto Alegre: Artmed, 2005.

Wurmser, L. (2000). The power of Inner Judge. Londres: Jason Aronson.

Wurmser, L. (2003). The annihilating power of absoluteness: superego analysis in the severe neuroses, especially in character perversion. Psychoanalytic Psychology, 20(2), 214–235. https://doi.org/10.1037/0736-9735.20.2.214

Wurmser, L. (2004). Superego revisited-relevant or irrelevant? Psychoanalytic Inquiry, 24(2), 183–205. https://doi.org/10.1080/07351692409349079

Wurmser, L. (2007). Torment me, but don’t abandon me. Nova York: Jason Aronson.

Publicado

14-03-2025

Como Citar

Figueiredo, L. C. (2025). Duas vozes superegoicas nos Lusíadas, de Luiz de Camões, e mais uma em Fernando Pessoa. Revista De Psicanálise Da SPPA, 32(1). Recuperado de https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/1317