Editorial

Autores/as

  • César Luís de Souza Brito Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v12i2.305

Resumen

Estamos muito satisfeitos com os acontecimentos atuais na psicanálise, pois realizamos em nosso país o Congresso da Associação Internacional de Psicanálise, com um estrondoso sucesso de participantes e de atividades científicas e também o colega e querido amigo Cláudio Laks Eizirik assume a presidência de nossa maior instituição, a IPA, Associação Internacional de Psicanálise. O momento é de orgulho por Cláudio ser o primeiro brasileiro a exercer essa função e, mais além, por ser um psicanalista com visão aguda das realizações e potencialidades da psicanálise, bem como de suas necessidades, já o tendo demonstrado ao longo do exercício das mais variadas funções administrativas, educativas e clínicas.

Devido à importância das reflexões explicitadas nos discursos proferidos por ocasião do Congresso da IPA, no Rio de Janeiro, por Cláudio Eizirik e Daniel Widlöcher, a Revista de Psicanálise da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre os publica na íntegra. Podemos ver nesses discursos marcos e metas para o desenvolvimento da psicanálise no sentido da pluralidade teórica que a faz avançar como ciência e corpo de conhecimento respeitável.

Seguem-se as atividades de Florence Guignard em nossa sociedade. Em Psicanálise e sexualidade, a autora aborda a trajetória do conhecimento psicanalítico que emerge da busca por compreensão dos fenômenos pulsionais e que se desenvolve através das relações de objeto e o entendimento dos processos psíquicos na mente humana e no tratamento psicanalítico. Destaca a importância do objeto no acionamento das pulsões e instiga o leitor com suas inquietações quanto ao destino da sexualidade e da psicanálise no mundo atual. Para Guignard, os psicanalistas, hoje, podem ajudar os indivíduos afligidos pela mentalidade do ambiente grupal, traumatismo por vezes silencioso, destruidor da identidade de base do ser humano e da sociedade em que se insere.

Paulo Favalli introduz o debate com Florence Guignard sobre o tema psicanálise e sexualidade levantando questões tais como se a psicanálise ainda se apóia na noção de sexualidade, como nos três ensaios, ou se essa noção perde o sentido na prática cotidiana atual. Como fazer, se aquilo com que nos defrontamos na clínica é o vazio, a ausência dessa demanda pulsional, a incapacidade de representação e o fracasso da simbolização? Onde situarmos a sexualidade em nossa tarefa, quando tentamos capturá-la exatamente onde ela não está? Que papel cabe à psicanálise face à abolição da vida psíquica tão presente na sociedade dos nossos dias? São questões que inquietam a todos.

Em sua segunda atividade, Mme. Guignard se ocupa da intricação pulsional das pulsões de vida e de morte. Ressalta a complexidade da metapsicologia do masoquismo e desenvolve três hipóteses como esboços metapsicológicos que permitem a abordagem do funcionamento psíquico in status nascendi. Na primeira a autora desenvolve sua criativa genealogia das pulsões no sujeito: 1. O primeiro momento da intricação das pulsões de vida e de morte; 2. O segundo momento da constituição das pulsões sexuais resultantes da intricação pulsional vida/morte; 3. O momento das emergência das pulsões de ego decorrentes do jogo econômico das intricações pulsionais, estabelecendo uma união exogâmica com a organização pulsional e psíquica adulta da mãe. Como segunda hipótese, refere a função do objeto como organizador e integrador das pulsões e como terceira hipótese, a de uma forma primária de identificação como expressão primeira de uma relação.

O debate do texto sobre intricação pulsional é introduzido por Marli Bergel, que destaca a diferença entre o conceito de pulsão sexual – para Guignard é resultado da intricação pulsional – e o conceito de pulsões sexuais em Freud como parte integrante da pulsão de vida. Seria esse conceito semelhante ao de masoquismo erógeno primário de Freud? Também propõe o debate sobre a noção de intricação pulsional como potencialidade inata, sem uma ação específica do objeto.

Jean Laplanche apresenta, em Os Três ensaios e a teoria da sedução, sua leitura dos três ensaios de Freud em que desenvolve seu pensamento acerca da teoria da sedução generalizada. A seguir contamos com a videoconferência seguida de um debate com a platéia no qual o autor aprofunda a discussão sobre a importância do objeto no desenvolvimento psíquico.

Lutenberg, em A criatividade negativa e doenças psicossomáticas, desenvolve o tema da criatividade negativa, construção mental que favorece a involução psíquica. Descreve um interessante caso de afecção psicossomática em que se apóia para o desenvolvimento teórico.

Gerber apresenta-nos a visão da complexidade em relação à noção de trauma psicanalítico. Demonstra como Freud pensava em termos de complexidade. Também ilustra, através de um relato clínico, a situação traumática como um trauma lógico, simultânea – e indissociável – ao trauma afetivo e físico que se instalam na mente do paciente. Enfoca o trauma psicanalítico como produto de fatores complexos, sendo a rigor indecidível.

Completamos este número com a entrevista de Florence Guignard em que nos fala de sua trajetória psicanalítica e esclarece alguns pontos cruciais de sua obra.

A todos um boa leitura.

César Luís de Souza Brito
Editor da Revista de Psicanálise da SPPA

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Publicado

2017-08-04

Cómo citar

Brito, C. L. de S. (2017). Editorial. Revista De Psicoanálisis De La SPPA, 12(2), 211–213. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v12i2.305

Número

Sección

Editorial