A arquitetura da dominação

Autores

  • José Carlos Calich Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Palavras-chave:

O mal-estar na civilização, Laplanche, Pseudoinconsciente do mito-simbólico, Subjetivação, Desamparo

Resumo

Freud, em O mal-estar da civilização, identificou o sofrimento do indivíduo por estar inserido em um processo civilizatório que inibia e limitava sua expressão pulsional. A virada de 1920 introduziu o tema do desamparo, da centralidade do masoquismo e da pulsão de morte, levando-o a acrescentar o papel protetor da civilização em relação à destrutividade do ser humano para si mesmo e para os outros, alterando a noção do mal-estar. Os desenvolvimentos pós-freudianos foram acrescentando novos elementos, expandindo as possibilidades de compreensão da relação do sujeito com a cultura e os sofrimentos daí advindos. As mudanças decorrentes da organização sociocultural surgidas com a modernidade, principalmente os novos modos de subjetivação e as estratégias de marketing totalizante e criador de desejos, e com a pós-modernidade, a partir de uma cultura do narcisismo e de uma linguagem alienante, introduziram componentes inesperados ao mal-estar. O objetivo do presente trabalho é comentar essa evolução do mal-estar, introduzindo a ideia de um recurso à pulsão de dominação como estratégia narcísica de sobrevivência no contexto referido.

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Biografia do Autor

José Carlos Calich, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Médico psicanalista. Membro efetivo e analista didata da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

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Publicado

04-04-2021

Como Citar

Calich, J. C. (2021). A arquitetura da dominação. Revista De Psicanálise Da SPPA, 28(1), 61–75. Recuperado de https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/924