Consciência: um olhar complexo
Palavras-chave:
Consciência, Complexidade, Autopoiese, Psicanálise como experiência autopoiéticaResumo
Neste texto é retomada uma idéia de Freud pouco mencionada, seguindo os passos de Mark Solms (1997) e na qual ele, Freud, afirma ser a atividade mental inteiramente inconsciente, sendo a consciência apenas uma percepção parcial, limitada e não confiável do que realmente se passa na mente. Examinando-a à luz do paradigma da complexidade, parece ser uma postura compatível com idéias de Espinosa, Maturana, Varela e outros pensadores provenientes de campos tão díspares quanto física, matemática, cibernética e neurociências. Um histórico destes outros campos mostra que a psicanálise influenciou e foi influenciada por eles, participando na evolução de conhecimentos sobre a mente humana. É discutido o pressuposto de que a consciência tem o mesmo estatuto de outros sentidos, como visão e audição, não havendo distinção entre corpo e mente, pois são expressões de uma unidade funcional. Aceitar a mudança de paradigma, a rigor, poucas diferenças trará na prática psicanalítica, desde sua origem impregnada das noções de complexidade, mas a compreensão dos fenômenos estudados, sim, merecerá novas abordagens e explicações decorrentes da impossibilidade de transmissão de conhecimentos, o que leva a trazer à baila a constituição interna dos participantes e suas respectivas autopoieses (AU)
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