Identificação mórbida: comunicação transgeracional traumatizante

Autores

  • Maria Cecília Pereira da Silva Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v14i1.777

Palavras-chave:

Herança psíquica, Transmissão transgeracional, Intergeracional, Identificação mórbida, Comunicação inconsciente, Psicanalista

Resumo

Este trabalho discute como a predominância dos mecanismos de identificação projetiva patológica dos objetos primários, isto é, a identificação mórbida, presente na transmissão transgeracional e intergeracional, é traumatizante no desenvolvimento emocional do indivíduo. Esse conceito se articula com a historicidade do sujeito e a influência do ambiente na constituição do psiquismo. Ressalta-se comoa  descoberta dessa comunicação inconsciente – transformadora e reveladora de uma dimensão histórica do ser humano – é enriquecedora para a compreensão do sofrimento psíquico, pois torna possível integrar
na vida mental dos pacientes seus aspectos secretos, ocultos, enigmáticos ou sem representação psíquica. Narram-se duas situações clínicas, em que a presença de identificações mórbidas – enquanto um fenômeno transgeracional que se revelou na situação transferencial, transbordando o campo intrapsíquico – impedia que desenvolvesse um psiquismo próprio. Mostra-se como a identificação mórbida, que pode habitar ou parasitar o self, demanda uma intervenção psicanalítica que leve o sujeito a desidentificar-se, para que o brincar e o sonhar ocupem seu lugar (AU)

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Biografia do Autor

Maria Cecília Pereira da Silva, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP)

Psicanalista Membro Efetivo e Didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

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Publicado

21-03-2021

Como Citar

Silva, M. C. P. da. (2021). Identificação mórbida: comunicação transgeracional traumatizante. Revista De Psicanálise Da SPPA, 14(1). https://doi.org/10.5281/sppa revista.v14i1.777

Edição

Seção

Artigos