Bion e a demanda da ambiguidade
Palavras-chave:
Ambigüidade, Campo analítico, Sonho, Capacidade negativaResumo
No volume dedicado ao significado clínico da obra de Bion, o último da trilogia intitulada O desenvolvimento kleiniano, em mais de uma ocasião Meltzer caracteriza o estilo de Bion com a expressão demanda da ambigüidade. Com efeito, o percurso conceitual de Bion parte de uma exigência absoluta de rigor e de precisão e do conseqüente projeto – análogo ao enunciado por Descartes – de formular apenas idéias claras e distintas – como escreve Green – para acabar por desembocar, enfim, numa perspectiva mística, numa prática da intuição disciplinada, numa arte do deixar-de-ver. Trata-se, em suma, de uma retórica da cegueira e da visão, a qual assinala o ponto de chegada de uma teoria que requer a tolerância dos seguintes elementos: das aporias da razão, isto é, das contradições irresolúveis, no plano da lógica; da indeterminação, enquanto consequência da presença simultânea de diversos significados possíveis; e dos paradoxos, ou seja, daqueles enunciados aparentemente contrários ao senso comum, mas que, à luz de um exame mais atento, deixam entrever fragmentos de verdade. Após a explicitação do itinerário aqui sintetizado, o autor passa a tecer algumas considerações sobre o modo como a psicanálise italiana – e, em especial, a que põe em relevo a Teoria do campo analítico – vem assimilando a perspectiva bioniana que designa como demanda da ambigüidade. Essa demanda implica uma vívida consciência dos limites do conhecimento; consciência que se reflete, por sua vez, no conceito de interpretação débil, aberta, diluída, e na particular atenção reservada aos efeitos que as palavras do analista têm sobre o paciente, no aqui-e-agora da sessão em que interagem (AU)
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