A noite do caçador: mal-estar na cultura contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v15i1.486Palavras-chave:
Pós-modernidade, Traumas coletivos, CivilizaçãoResumo
No filme de Charles Laughton, O mensageiro do diabo (The night of the hunter), duas crianças acreditam ter escapado do assassino de sua mãe que as persegue para roubar-lhes o tesouro que o pai lhes deixou. Quando pensam que finalmente podem dormir e sonhar em paz, logo são despertadas pelo canto do assassino, que seguiu o rastro delas. Ele nunca dorme!, diz a criança mais velha à menor. Da mesma forma, os terapeutas de sobreviventes de crimes coletivos ficam às vezes traumatizados ao tomarem consciência de que os crimes que pensavam pertencer ao passado se repetem no mesmo momento em que seus traços estão sendo elaborados. Percebem, então, que ainda acreditam num progresso contínuo da civilização, assim como Freud, mesmo que uma outra parte deles saiba bem que entramos na pós-modernidade depois de Auschwitz e Hiroshima. Essa posição clivada será inerente à posição do psicoterapeuta no tratamento de sobreviventes, ou será que pode ser substituída pelo contexto político e social levado em conta na interpretação? (AU)
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