Inconsciente e consciência da memória: uma contribuição das neurociências

Resumo

Integrando os dados da psicologia geral, da psicologia clínica perinatal, das neurociências e da psicanálise, o autor aborda as relações entre memória e consciência com o objetivo de oferecer uma definição unitária do conceito de inconsciente. Destacando a base biológica da memória nas redes neurais, afirma que, em um único cérebro (ninguém possui um cérebro igual ao outro), podem ser consideradas como memóriatodas as funções que aquele cérebro aprendeu ao longo do seu desenvolvimento neuropsíquico relacional a partir da época fetal. O autor expõe conceitos a propósito dessa construção relacional do cérebro de cada indivíduo, destacando a maneira através da qual, a partir da atividade biologicamente emocional do cérebro, a inteira funcionalidade de um mindbrain (mente-cérebro) pode ser construída. Desta funcionalidade, vários níveis de alguma forma de consciência podem apresentar-se à subjetividade de um indivíduo, correspondendo a uma parte mínima e, às vezes, não significativa do enorme e contínuo trabalho neuromental, o qual, de forma inconsciente, regula o organismo, tanto do ponto de vista mental quanto comportamental. Neste contexto, o autor observa que, na atual cultura institucional psicanalítica e na cultura em geral, o inconsciente continua sendo considerado somente como o que foi descrito e teorizado por Freud, isto é, aquilo que aparece em alguma forma de consciência no analista e que ele traduz em uma verbalização, em um momento específico da sua relação com um paciente.

Palavras-chave: inconsciente; consciência; neurociência; memória; lembrança; percepção; afeto

Abstract

Unconscious and memory consciousness: a contribution of the neurosciences

By integrating data from general psychology and perinatal clinical psychology with that from neuroscience and psychoanalysis, the author discusses the relations between memory and consciousness, with the aim of providing a unitary definition of the concept of unconscious. Biologically, memory is based on neural networks (no two people’s brain are the same). All the functions that the brain learns over the period of its relational neuropsychic development, from the fetal age, can be considered memory. The author refers to concepts regarding the relational construction of each individual brain, highlighting the way in which the whole functionality of a mindbrain set can be constructed from the biologically emotional activity of the brain. Based on this functionality, various levels of some form of consciousness may emerge within the subjectivity of an individual, corresponding to a small and sometimes insignificant part of the enormous and continuous neuromental work, which, unconsciously, regulates the organism, both from the mental and behavioural points of view. In this context, the author notes that in the present psychoanalytical institutional culture and in culture in general, the unconscious continues to be considered only that described and theorized by Freud, that is, that which appears in some form of the analyst’s consciousness and which he/she translates into a verbalization, at a specific moment in their relationship with the patient.

Keywords: inconscious; consciousness; neuroscience; memory; reminder; perception; affection

Resumen

Inconsciente y conciencia de la memoria: un aporte de las neurociencias

Integrando los aportes de la psicología general, de la psicología clínica perinatal, de las neurociencias y del psicoanálisis, el autor aborda las relaciones entre memoria y conciencia con el objetivo de ofrecer una definición unitaria del concepto de inconsciente. Resaltando la base biológica de la memoria en las redes neurales, afirma que, en un único cerebro (nadie tiene un cerebro igual al de otro), se pueden considerar memoria todas las funciones que aquel cerebro aprendió a lo largo de su desarrollo neuropsíquico relacional a partir de la época fetal. El autor expone conceptos a propósito de esa construcción relacional del cerebro de cada individuo, resaltando la forma por medio de la cual, a partir de la actividad biológicamente emocional del cerebro, se puede construir la funcionalidad entera de un mindbrain (mente-cerebro). De esa funcionalidad, se pueden presentar a la subjetividad de un individuo varios niveles de alguna forma de conciencia que corresponden a una parte mínima y, a veces, no significativa del enorme y continuo trabajo neuromental, el cual, de forma inconsciente, regula el organismo tanto desde el punto de vista mental como conductual. En ese contexto, el autor observa que, en la actual cultura institucional psicoanalítica y en la cultura en general, se sigue considerando el inconsciente solo como lo que describió y teorizó Freud, o sea, aquello que aparece en alguna forma de conciencia en el analista y que él traduce en una verbalización en un momento específico de su relación con un paciente.

Palabras clave: inconsciente; conciencia; neurociencia; memoria; recuerdo; percepción; afecto