O corpo, o dildo, a carne e o fetiche: Preciado com Freud

Autores

  • Patrícia Porchat Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Bauru)
  • Vinicius M. Godeguezi Universidade Estadual Paulista (UNESP/Bauru)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v24i1.265

Palavras-chave:

psicanálise, teoria queer, fetichismo, sexualidade

Resumo

Aproximações entre a teoria queer e a psicanálise vêm sendo feitas por diversos autores de ambos os campos. Busca-se aqui aproximar algumas ideias de Paul/Beatriz Preciado, apresentadas no Manifesto contrassexual (2002), à noção de disposição perversa poliforma de Freud concebida em Três ensaios sobre a sexualidade (1905). O artigo apresenta brevemente a teoria queer, o posicionamento particular de Preciado e o destaque que concede ao dildo como eixo temático de uma análise que demonstra a plasticidade e artificialidade do sexo. Preciado critica a naturalização do sexo através da paródia de relações heterocentradas e de propostas subversivas com relação à utilização do corpo para o exercício da sexualidade. O segundo elemento analisado é a proposta de sexualização total do corpo. No diálogo com a psicanálise, primeiramente se estabelece uma relação entre o dildo e o objeto fetiche. Em segundo lugar, questionase a possibilidade de comparar a disposição perversa polimorfa com a sexualização total do corpo tendo em vista os pontos de partida distintos em ambas as teorias, a saber, o campo pulsional e o discurso heterossocial.

Palavras-chave: psicanálise, teoria queer, fetichismo, sexualidade.

 

Abstract

The body, the dildo, the flesh and the fetish: Preciado with Freud

Several authors from different fields have tried to create a dialogue between the queer theory and psychoanalysis. This paper aims to relate some ideas presented by Paul/Beatriz Preciado in the Countersexual manifesto (2002) to Freud’s notion of polymorphous perverse disposition conceived in Three essays on the theory of sexuality (1905). This work briefly introduces the queer theory, Preciado’s specific positioning and the importance given to the dildo as the pivot of an analysis that demonstrates the plasticity and the artificiality of sex. Preciado criticizes the naturalization of sex through the parody of heterocentred relationships and of subversive proposals related to the use of the body for the exercise of sexuality. The second element under analysis is a proposal of the total sexualization of the body. Dialoguing with psychoanalysis, a relationship between the dildo and the fetish object is first established. Afterwards, the paper discusses the possibility of comparing the polymorphous perverse disposition with the total sexualization of the body, taking into consideration the different starting points of both theories, i.e. the drive field and the heterosocial discourse.

Keywords: psychoanalysis, queer theory, fetishism, sexuality.

 

Resumen

El cuerpo, el dildo, la carne y el fetiche: Preciado con Freud

Diversos autores de la teoría queer y del psicoanálisis vienen realizando aproximaciones entre ambos campos. En este artículo se busca comentar algunas ideas de Paul/Beatriz Preciado, presentadas en el Manifiesto contra-sexual (2002), sobre la noción de disposición perversa polimorfa de Freud, concebida en Tres ensayos de teoría sexual (1905). Se presenta brevemente aquí la teoría queer, el posicionamiento particular de Preciado y el énfasis que concede al dildo como eje temático de un análisis que demuestra la plasticidad y artificialidad del sexo. Preciado critica la naturalización del sexo por medio de la parodia de las relaciones heterocentradas y de propuestas subversivas con relación a la utilización del cuerpo para el ejercicio de la sexualidad. El segundo elemento analizado es la propuesta de sexualización total del cuerpo. En el diálogo con el psicoanálisis, primero se establece una relación entre el dildo y el objeto fetiche. En segundo lugar, se cuestiona la posibilidad de comparar la disposición perversa polimorfa con la sexualización total del cuerpo al tenerse en cuenta los puntos de partida distintos de ambas teorías, a saber, el campo pulsional y el discurso heterosocial.

Palabras clave: psicoanálisis, teoría queer, fetichismo, sexualidad.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Arán, M. (2006). A transexualidade e a gramática normativa do sistema sexo-gênero. Ágora –

estudos em teoria psicanalítica, 9(1): 49-63.

Ayouch, T. (2014). Questionando a teoria psicanalítica das perversões. In E. B. V. Campos & C.

Carrijo (Coord), Rever: Psicanálise e questões da contemporaneidade. Curitiba/São

Paulo: Editora CRV.

Bourcier, M. H. (2014). A teoria queer, políticas pós-pornô e privatização da sexualidade: uma

conversa com Marie-Hélène Bourcier. In Estudos feministas (UFSC), 22(3): 913-928.

Entrevista concedida a V. K. Ferreira e M. P. Grossi.

Bourcier, M. H. (2015). Marie-Hélène/Sam Bourcier Entrevista. Cult, 205: 11-15. Entrevista

concedida a P. P. Gomes Pereira.

Bourcier, M.H. (2002) Prefácio. In Manifesto contrassexual. N-1 Edições, 2014.

Cunha, E. L. (2013). Sexualidade e perversão entre o homossexual e o transgênero: notas sobre

psicanálise e teoria Queer. Rev. Epos, 4(2).

Freud, S. (1905). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In Edição standard brasileira das

obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 7, pp. 77-150). Rio de Janeiro:

Imago, 2006.

Freud, S. (1915). Pulsões e destinos das pulsões. In Obras psicológicas de Sigmund Freud:

escritos sobre a psicologia do inconsciente (Vol. 1, pp.137-162). Rio de Janeiro: Imago,

Freud, S. (1923). A organização genital infantil. In O eu e o id, “autobiografia” e outros textos

(1923 – 1925) – Obras completas (Vol. 16, pp. 168-175), Tradução de Paulo César de

Sousa. São Paulo: Cia das Letras. 2013.

Freud, S. (1927). O fetichismo. In Inibição, sintoma e angústia. O futuro de uma ilusão e outros

textos (1926-1929) – Obras completas (Vol. 17, pp. 302-310). Tradução de Paulo César

de Sousa. São Paulo: Cia das Letras. 2016.

Louro, G. L. (2001). Teoria queer – Uma proposta pós-identitária para a educação. Estudos

Feministas (UFSC): 541-553.

Miskolci, R. (2007). A teoria queer e a questão das diferenças: por uma analítica da normalização.

Recuperado de http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/prog_pdf/

prog03_01.pdf

Miskolci, R. (2009). A teoria queer e a sociologia: o desafio da analítica da normalização.

Sociologias, 11(21): 150-182.

Preciado, B. (2002). Manifesto contrassexual. N-1 Edições, 2014, 224p.

Preciado, B. (2011). Multidões queer: notas para uma política dos anormais. In Estudos feministas

(UFSC), 19(1): 11-20.

Sàez, J. (2004). Teoria queer y psicoanálisis. Madrid: Síntesis.

Safatle, V. (2015). Fetichismo: colonizar o outro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Publicado

30-04-2017

Como Citar

Porchat, P., & Godeguezi, V. M. (2017). O corpo, o dildo, a carne e o fetiche: Preciado com Freud. Revista De Psicanálise Da SPPA, 24(1), 105. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v24i1.265

Edição

Seção

Artigos