Considerações sobre o enactment a partir de uma experiência clínica

Autores

  • Camila Junqueira Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v22i2.131

Palavras-chave:

enactment, atuação, patologias-limite, borderline, bulimia, caso clínico.

Resumo

Resumo

A partir do estudo do conceito de enactment, este artigo procura demonstrar que as diferentes conceituações encontradas para este termo se justificam por se tratar de um fenômeno que apresenta características que variam de acordo com o tipo de funcionamento psíquico no qual se instala, bem como, procura discutir, com base em um caso relatado, o manejo do enactment em pacientes com funcionamento-limite. Diante do aprofundamento da depressão materna, a paciente apresenta uma intensificação de seus sintomas bulímicos e um aumento dos comportamentos de risco ligado ao abuso de álcool. Seu comparecimento às sessões, tendo diminuído muito, foi sendo substituído por mensagens de celular, o que levou a analista a responder às mensagens, por vezes monitorando suas atividades diárias, seguindo seus movimentos pela cidade, bem como alimentação e vômitos, com isso rompendo o setting analítico.

Palavras-chave: enactment, atuação, patologias-limite, borderline, bulimia, caso clínico.

Abstract

Considerations on the enactment from a clinical experience

Based on the study of the concept of enactment, this article seeks to demonstrate the different conceptualizations found for this term. It is a phenomenon whose characteristics vary according to the type of psychic functioning installed. The paper discusses, from a reported case, the handling of the enactment in patients with borderline functioning. Facing the deepening of maternal depression, the patient shows an intensification of her bulimic symptoms and an increase of risk behavior linked to alcohol abuse. Her attendance at sessions has greatly diminished and it has been replaced by cell phone messages, which led the analyst to answer the messages, sometimes monitoring her daily activities, following her movements through the city, as well as her feeding and vomiting, disrupting the analytic setting.

Keywords: enactment, acting, borderline, bulimia, clinical case.

Resumen

Consideraciones acerca del enactment desde un ensayo clínico

A partir del estudio del concepto del enactment, este artículo busca demostrar que las diferentes conceptualizaciones encontradas para este término se justifican porque es un fenómeno que tiene características que varían de acuerdo con el tipo de funcionamiento psíquico en que se asientan; y, discute, desde el caso reportado, el manejo del enactment en pacientes con funcionamiento límite. Con la profundización de la depresión materna, la paciente muestra una intensificación de sus síntomas bulímicos y un aumento de los comportamientos de riesgo vinculados con el abuso de alcohol. Su presencia a las sesiones se reduce considerablemente y se sustituyen por mensajes de teléfono celular, lo que llevó al analista a responder a los mensajes, a veces monitoreando sus actividades diarias, siguiendo sus movimientos a través de la ciudad, así como su alimentación y sus vómitos, rompiéndose el encuadre analítico.

Palabras clave: enactment, actuación, patologías limite, borderline, bulimia, caso clínico.


Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Camila Junqueira, Universidade de São Paulo

Psicanalista, Pós-Doutoranda do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (apoio FAPESP), terapeuta voluntária do Projeto de Investigação e Intervenção na Clínica das Anorexias e Bulimias do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae.

Referências

Basseches, H. (1998). Enactment: what is it and whose is it. In S. J. Ellman & M. Moskowitz (Ed.), Enactment, New Jersey: Jason.

Boesky, D. (1998). Acting out: a reconsideration of the concept. In S. J. Ellman & M. Moskowitz (Ed.), Enactment, New Jersey: Jason, pp. 37-62.

Bohleber, W., Fonagy, P., Jiménez, J. P., et al. (2013). Towards a better use of psychoanalytic concepts: a model illustrated using the concept of enactment. International Journal of Psychoanalysis, 94 (3):501-530.

Cassorla, R. (2010). Função-Alfa implícita do analista, trauma e enactment na análise de pacientes borderline. Livro Anual de Psicanálise, XXIV, 61-78.

Cassorla, R. (2011). O analista, seu paciente e a psicanálise contemporânea: considerações sobre a indução mútua, enactment e não sonho a dois (versão atualizada). Reverie. IV (1): 31-50.

Cassorla, R. (2012). What happens before and after acute enactments? An exercise in clinical validation and the broadening of hypotheses. International Journal of Psychoanalysis. 93: 53-80.

Cassorla, R. (2013). When the analyst becomes stupid: an attempt to understand enactment using Bion’s theory of thinking. The Psychoanalytic Quarterly, 82 (2): 323-62.

Ellman, S. J. & Moskowitz, M. (ed.) (1998). Enactment: toward a new approach to therapeutic relationship. New Jersey: Jason.

Figueiredo, L. C. (2003). Elementos para uma clínica contemporânea. São Paulo: Escuta.

Freud, S. (1914). Repetir, recordar e elaborar. In Obras psicológicas completas de Sigmund Freud, (Vol. 12, pp.193-203). Rio de Janeiro: Imago, 1989.

Gus, M. (2007). Acting, enactment e a realidade psíquica “em cena” no tratamento analítico das estruturas borderline. Revista Brasileira de Psicanálise, 41 (2): 45-53.

Ivey, G. (2010). Controvérsias a respeito de Enactment: uma revisão crítica dos debates atuais. In Livro Anual de Psicanálise, XXIV, 29-46.

Jabur, R. C. (2003). Enactment: rastreando acontecimentos na clínica, Alter – Jornal de Estudos Psicanalíticos, 22 (2): 243-54.

Jacobs, T. J. (1986). On contratransference enactments. Journal Am. Psychoanal. Assn., 34: 289.

Jacobs, T. J. (2006). Reflexões sobre o papel da comunicação inconsciente e do enactment contratransferencial na situação analítica. In Contratransferência: teoria e pratica clínica, Jacó Zaslavsky e Manuel J.P. dos Santos (Org.). Porto Alegre: Artmed.

Lacan, J. (1955-1956). O seminário. Livro 3: as psicoses. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

McLaughlin, J. T. (1998). Clinical and theoretical aspects of enactment. In S. J. Ellman & M. Moskowitz (Ed.), Enactment. New Jersey: Jason.

Ogden, T. (1982). Projective identification and psychoanalytic technique. New York and London: Jason Aronson.

Sandler, J. (1998). Countertransference and role-responsiveness. In S. J. Ellman & M. Moskowitz (Ed.), Enactment. New Jersey: Jason.

Winnicott, D. W. (1947). Hate in the countertransference. Through paediatrics to psychoanalysis: Collected Papers (pp.194-203). Karnac Books: London.

Publicado

28-08-2015

Como Citar

Junqueira, C. (2015). Considerações sobre o enactment a partir de uma experiência clínica. Revista De Psicanálise Da SPPA, 22(2), 435–449. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v22i2.131