Considerações sobre guerras, mulheres e corpos desumanizados

Autores

  • Mariana Bassoi Duarte Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida de Lisboa (ISPA)
  • Allan Martins Mohr Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
  • Suzana Duarte Santos Mallard Instituto Diáspora em Diálogo.
  • Maria Emilia Marques Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida de Lisboa (ISPA)

Palavras-chave:

Mulheres Refugiadas, Conflitos armados, Apoio entre pares, Mediador intercultural

Resumo

Esse artigo tem como objetivo discutir a importância do Apoio entre Pares - Peer Support na reconstrução identitária e subjetiva de mulheres migrantes e refugiadas de conflitos armados. Apresenta-se a análise de uma entrevista de compreensão psicanalítica realizada com uma jovem de um país do Oriente Médio. A participante, uma sobrevivente de queimaduras graves, trabalha como Peer Support Worker em um projeto de acolhimento a migrantes e refugiados afetados por conflitos armados. Utilizando o método qualitativo com o instrumento FANI (Free Association Narrative Interview), que privilegia as subjetividades, destaca-se a percepção das realidades vivenciadas por esses grupos. Temáticas para a discussão foram levantadas a partir da narrativa da participante, sendo estas: (a) as mulheres e a desigualdade de gênero nas guerras, e (b) o feminino e suas possibilidades. A análise demonstra o impacto devastador dos conflitos armados, evidenciando como a violência é normalizada e contribui para a invisibilidade e apagamento discursivo dos sobreviventes. As narrativas compartilhadas pela participante destacam as desigualdades de gênero exacerbadas pela guerra e os desafios enfrentados por mulheres no seu processo de reapropriamento. Como resultado, enfatiza-se a possibilidade do Apoio entre Pares em colaborar com a promoção da autonomia e da reorganização identitária dos sobreviventes, destacando a necessidade de espaços de fala e escuta que desafiam a desumanização.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Mariana Bassoi Duarte, Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida de Lisboa (ISPA)

Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida de Lisboa (ISPA)/Applied Psychology Research Center Capabilities & Inclusion (AppsyCI). Mental Health Referent MSF.

Maria Emilia Marques , Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida de Lisboa (ISPA)

Instituto Universitário de Ciências Psicológicas Sociais e da Vida de Lisboa (ISPA)/Applied Psychology Research Center Capabilities & Inclusion (AppsyCI).

Referências

Bhabha, H. (1994). El lugar de la cultura. Argentina: Routledge.

Butler, J. (2017). A vida psíquica do poder: teorias da sujeição. Belo Horizonte: Autêntica.

Foucault, M. (1975). É preciso defender a sociedade. Porto: Livros do Brasil, 2006.

Freud, S. (1930). O mal-estar na civilização. In Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 21, pp. 81-171). Rio de Janeiro: Imago, 1996.

Hollway, W. & Jefferson, T. (2000). Doing qualitative research differently: free association, narrative and the interview method. Londres: Sage.

Hollway, W. & Jefferson, T. (2008). The free association narrative interview method. In L. M. Given (Edit.). The SAGE encyclopedia of qualitative research methods (Vol. 2, pp. 296–315). California: Sage.

International Committee of the Red Cross. (1949). The Geneva Conventions of August 12, 1949 (pp.153-221). Genebra: ICRC. https://www.icrc.org/ihl/INTRO/380

International Committee of the Red Cross. (2022). O que é o direito internacional humanitário? Genebra: ICRC. https://www.icrc.org/pt/document/o-que-e-o-direito-internacional-humanitario

Lacan, J. (1969). O seminário, livro 17: o avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor. 1992.

Lacan, J. (1972). O seminário, livro 20: mais, ainda (Encore). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

Mbembe, A. (2018). Necropolitica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: N-1 Edições.

Organização das Nações Unidas. (2020, 18 de setembro). Declaração universal dos direitos humanos. https://brasil.un.org/pt-br/91601-declara%C3%A7%C3%A3o-universal-dos-direitos-humanos

Organização das Nações Unidas. (2023, 12 de junho). Gendered impact of the conflict in the Syrian Arab Republic on women and girls. https://www.ohchr.org/en/statements-and-speeches/2023/06/gendered-impact-conflict-syrian-arab-republic-women-and-girls

Organização Mundial da Saúde. (2021, 9 de junho). Peer support mental health services: promoting person-centred and rights-based approaches. https://www.who.int/publications/i/item/9789240025783

Rosa, M. D. (2022). Sofrimento sociopolítico, silenciamento e a clínica psicanalítica. Psicologia: ciência e profissão, 42, 1-10. e242179. https://doi.org/10.1590/1982-3703003242179

Spivak, G. C. (1988). Can the subaltern speak? In C. Nelson (Edit.) Marxism and the interpretation of culture (pp. 271–313). Basingstoke: Macmillan.

Spivak, G. C. (2012). An aesthetic education in the era of globatization. Cambridge, Londres: Harvard University Press.

Publicado

20-03-2025

Como Citar

Bassoi Duarte, M., Martins Mohr , A., Duarte Santos Mallard , S., & Marques , M. E. (2025). Considerações sobre guerras, mulheres e corpos desumanizados . Revista De Psicanálise Da SPPA, 32(1). Recuperado de https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/1259

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)