A psicanálise complexa na obra de Bion

modelos espectrais, cesuras e simetrias heterogêneas

Resumo

O autor procura destacar a complexidade presente na obra de Bion que, em sua opinião, introduz o pensamento complexo na psicanálise atual. São abordados três conceitos desse autor que seriam essenciais para a definição de uma complexidade psicanalítica: modelo espectral, cesuras e simetrias heterogêneas. O primeiro está presente desde 1948, em seus trabalhos sobre grupos. Ali, Bion faz referência ao espectro narcisismo<> social-ismo que será contrastado, no presente trabalho, com os modelos evolutivos (>), frequentemente usados em psicanálise. Aqui, a necessária diferença entre moral e ética complexa já se faz imprescindível. As cesuras, um paradoxo que simultaneamente inclui corte e continuidade, são descritas como inerentes aos modelos espectrais e representadas pelas conhecidas duplas flechas dos textos de Bion. As cesuras são expressas como movimentos entre os polos do espectro, sem conotações de evolução ou involução, progressão ou regressão. O contraste aqui seria com a noção de shibboleth, aplicada pelo autor em diferentes trabalhos. Bion, no final do texto intitulado Cesura, define-a como um vínculo, uma relação, um entre, que, nas palavras de Buber, citadas por Bion, é mais importante que os objetos relacionados. No vínculo analítico, essa ideia seria representada pela noção de que não é o analista que recebe ao seu analisando, mas sim a psicanálise que recebe aos dois. As simetrias heterogêneas, como refere o autor, seriam os polos do espectro, analista e analisando, por exemplo, em que tais extremos seriam referências de aproximações e distanciamentos, e não de partidas e chegadas. Um exemplo [...]