O consciente, a consciência e as memórias – um passeio consiliente entre a psicanálise, as neurociências e a filosofia da mente

Autores

  • Maurício Marx e Silva Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v15i3.817

Palavras-chave:

Consciente, Consciência, Memória, Filosofia da mente, Epistemologia, Consiliência

Resumo

Partindo de uma ilustração clínica de uma crise convulsiva de ausência, o autor inicialmente discute as diferentes acepções do termo consciência em português e inglês, para ilustrar a confusão entre diferentes fenômenos, e então se propõe a examinar a literatura recente sobre a consciência no sentido da sensação de ser alguém que existe no mundo, percebe a passagem do tempo e vivencia esta experiência com qualidades emocionais variadas. As principais teorias apresentadas, embasadas na moderna neurociência, propõem que o processo de revisão sequencial do estado do self, das modificações que este sofre ao interagir com o não-self são avaliadas e qualificadas emocionalmente a cada instante de acordo com sua relevância para o self. Caso relevantes, estas experiências são armazenadas em sistemas de memória de longo prazo. Os diferentes sistemas de memória são apresentados, as diferenças entre as memórias explícita e implícita são exemplificadas e sua importância para a psicanálise discutida. Por fim, algumas questões levantadas na filosofia da mente contemporânea são apresentadas e discutidas, assim como o modelo epistemológico (consiliência) que foi utilizado para a articulação de conhecimentos advindos de diferentes disciplinas. Também são consideradas algumas possíveis razões para resistências a esta abordagem por parte de alguns psicanalistas (AU)

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maurício Marx e Silva, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Membro aspirante da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Referências

ANDERSON, M. C. et al (2004). Neural Systems underlying the Supression of Unwanted Memories. Science, vol 303, 232-235

ANDRADE, V. M. (2003). Um Diálogo entre a Psicanálise e a Neurociência. São Paulo: Casa do Psicólogo.

BCPSG. (1998). Non-interpretive Mechanisms in Psychoanalytic Therapy – the something more than interpretation, Int. J. Psychoanal., 79: 903-921.

. (2007). The Foundational Level of Psychodynamic Meaning: implicit process in relation to conflict, defense and the dynamic unconscious, Int. J. Psychoanal., 88:843-60.

BENNETT, M.; DENNETT, D.; HACKER, P.; SEARLE, J.; ROBINSON, D. (2007). Neuroscience & Philosophy – brain, mind and languag. New York: Columbia Univ. Press.

BLASS, R. B.; CARMELI, Z. (2007) The Case Against Neuropsychoanalysis. Int. Journal. Psychoanal, v. 88 p.19-40

BOLLAS, C. (2007). The Freudian Moment. London: Karnac Books

BOHLEBER, W. (2008). Recordação, trauma e memória coletiva: a luta pela recordação em psicanálise. In: Revista de Psicanálise da SPPA, vol. XV, n. 1, p. 35-66, abr. 2008

BORGES, J. L. (1969). Elogio da Sombra – Perfis. Porto Alegre: Globo, 1977.

CAMUS, A. (1942). Le Mythe de Sisyphe. Mesnil-sur-l’Éstrée: Éditions Gallimard, 2008.

CARTER, R. (2002). A Stream of Illusion. In: Exploring Consciousness. Los Angeles Univ. of Calif. Press.

CHURCHLAND, P.M. (2007) Catching Consciousness in a Recurrent Net, in: Neurophilosophy at Work, New York: Cambridge Univ. Press.

. (1998). Betty Crocker’s Theory of Consciousness, in: On the Contrary - critical essays, Churchland, P.M. & Churchland, P.S, The MIT Press, Cambridge.

COZOLINO, L. (2006). The Neuroscience of Human Relationships - attachment and the developing social brain. New York: W. W. Norton.

DAMÁSIO, A. (1994). O Erro de Descartes. São Paulo: Cia. Das Letras, 1996.

. (1999). The Feeling of What Happens – body, emotion and the making of consciousness. London: William Heinemann Ed.

. (2003). Looking for Spinoza – joy, sorrow and the feeling brain. Orlando: Harcourt.

DENNETT, D. (1998). Can Machines Think?, in: Brainchildren - essays on designing minds, Cambridge: The MIT Press.

. (2005) Sweet Dreams – philosophical obstacles to a science of consciousnesss, Cambridge: The MIT Press.

EDELMAN, G. M.; TONONI, G. (2000). A Universe of Consciousness - how matter becomes imagination. New York: Basic Books.

. (2006). Second Nature – brain science and human knowledge. New Haven: Yale Univ. Press.

EIZERIK, C. L. (2008). Psicanálise em um mundo em transformação. In: Revista Psicanalítica da SPPA, vol. XV, n. 1, p.11-18, abr. 2008

FAIMBERG, H. (1985). El Telescopaje de Generaciones: la genealogia de ciertas identificaciones. In: Revista de Psicoanálisis, v. 42, n. 5.

FONAGY, P. (1999). Memory and Therapeutic Action, Int. J. Psychoanal., 80, 215-223.

FREUD, S. (1895). Projeto para uma psicologia científica. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 1. Rio de Janeiro: Imago, 1976

GELL-MANN, M. (1994). O Quark e o Jaguar - aventuras no simples e no complexo. Rio de

Janeiro: Rocco.

GREEN, A. (1973). Le Discours Vivant, Presses. Paris: Univ. de France.

. (2005). Key Ideas for a Contemporary Psychoanalysis. East Sussex: Routledge.

HASSIN, R. (2005). Nonconscious Control and Implicit Working Memory. In: ; et al., The New Unconscious. Oxford: Oxford Univ. Press, p. 196-222.

IACOBONI, M. (2008). Mirroring People - the new science of how we connect with others, Farrar. New York: Straus & Giroux.

JOSEPH, B. (1985). Transferência – a situação total, in: Equilíbrio Psíquico e Mudança Psíquica. Rio de Janeiro: Imago.

KLUGER, J. (2008). Simplexity, New York: Hyperion.

LECHEVALIER, B. & LECHEVALIER, B. (2007). Aborder la question de la conscience, Revue Française de Psychanalyse, v. 2, p. 437-454.

LIPOVETSKY, G. (2007) Autonomie, une Société d’Individus. Conferência apresentada no colóquio homônimo da UNISINOS, 22 de maio de 2007.

MANCIA, M. (2006). Implicit Memory and Early Unrepressed Unconscious: their role in the therapeutic process (how the neurosciences can contribute to psychoanalysis), Int. Journal

Psychoanal, n.87 p.83-103

NAGEL, T. (1974). What is it like to be a bat? In: Philosophical Review, n. 83, p. 435-50

OGDEN, T., (2005). This Art of Psychoanalysis – dreaming undreamt dreams and interrupted cries. East Sussex: Routledge,

OXNAM, R., (2005) A Fractured Mind. New York: Hyperion.

PALLY, R., (2000). The Mind-Brain Relationship. London: Karnac Books.

PANKSEPP, J., (1999). Emotions as viewed by Psychoanalysis and Neuroscience: an exercise in consilience. In: Neuro-Psychoanalysis, v. 1, n. 1, p. 15-96.

POLDRACK, R. A.; PACKARD, M. G. (2003). Competition Among Multiple Memory Systems: converging evidence from animal and human brain studies, Neuropsychologia, 41 245-251

ROLLS, E. T. (1999). The Brain and Emotion. Oxford: Oxford Univ. Press.

ROSE, S. (1997). Lifelines – biology beyond determinism. New York: Oxford Univ. Press.

ROUSSILLON, R. (2007). Corps et Actes Messagers, conferência proferida na jornada científica da SBP de PA, 22 de novembro de 2007.

SEARLE, J. (1997). The Mistery of Consciousness. New York: The New York Review of Books.

(2007) Freedom and Neurobiology – reflections on free will, language and political power. New York: Columbia Univ. Press.

SEMI, A. A. (2007). The Conscious in Psychoanalysis. London: The Int. Psychoanalytical

Association.

SERRES, M. (2004). Changement de Conaissance. In: Rameaux. Paris: Le Pommier.

SMITH, J. (2005). Understanding D.I.D. – the case of Robert Oxnam. In: OXNAM R. A Fractured Mind;. New York: Hyperion Books, 2005.

SILVA, M. M. et al. (2003). A Consciência: algumas concepções atuais sobre sua natureza, função e base neuroanatômica. In: Revista. de Psiquiatria do RGS, 25, n.1, p. 52-64, abr. 2003

SOLMS, M. & TURNBULL, O. (2002). The Brain and the Inner World. London: Karnac Books.

. (2003) Memory, amnesia and intuition: a neuro-psychoanalytic perspective. In: GREEN, V. Emotional Development in Psychoanalysis, Neuroscience and Attachment Theory - creating connections. New York: Brunner-Routledge.

STERN, D. et al. (1998). Non-interpretive Mechanisms in Psychoanalytic Therapy – the something more than interpretation, Int. Journal Psychoanal., n.79, p. 903-921.

STORA, J-B. (2006). La Neuro-psychanalyse. Paris: Presses Univ. de France.

THOMPSON, M. (2001). Philosophy of Mind. Chicago: McGraw-Hill.

WALLIS, J. (2007). Orbitofrontal Cortex and its Role. In: Decision-Making, Annual. Review of Neuroscience, vol. 30, p.31-56, jul de 2007.

WILSON, E. O. (1998). Consilience – the unity of knowledge. New York: Alfred Knopf.

Publicado

29-04-2021

Como Citar

Silva, M. M. e. (2021). O consciente, a consciência e as memórias – um passeio consiliente entre a psicanálise, as neurociências e a filosofia da mente. Revista De Psicanálise Da SPPA, 15(3), 441. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v15i3.817

Edição

Seção

Artigos