Verdade / Hipótese
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v16i1.719Palavras-chave:
Verdade, Hipótese, Paradoxos, Conhecimento, Castração cognitiva, Interpretação psicanalítica, Pluralismo teórico, Princípio da indução, Questionamento, LiberdadeResumo
É discutida a importância de ser admitido o caráter provisório do que muitas vezes é apresentado como “a verdade”. O pensamento de Popper serve de base para raciocínios em torno do assunto, sendo também sumariadas as teorias filosóficas sobre a verdade, bem como ideias de Freud, Bion e Lacan a respeito. Na prática clinica é afirmado que a aceitação da relatividade do conhecimento é o que evita a estagnação do processo e conduz a descobertas. Para encarar como mera hipótese o que se queria considerar como verdade alcançada impõe-se admitir uma castração cognitiva, a onipresença de paradoxos e a coexistência dos opostos no Ics. A conscientização da relatividade (e transitoriedade) do conhecimento obtido permite o progresso e a tolerância para com as ideias dos demais e o pluralismo de teorias surge como inevitável e desejado. É lembrado o problema de indução e a vagueza e dubiedade dos argumentos para defender a indução. É chamada a atenção para o risco de generalizações na clínica, bem como o respeito à autoridade. A autoria, os acertos de uma teoria e a repetição de determinadas crenças, baseados na combinação autoracertos, acabam sendo determinantes para não ser questionada a sua aceitação e facilitam o seu uso como dogma. O que é chamado de verdade é, antes que uma descoberta, uma criação humana. Deve ser encarada como uma hipótese, o que abre a possibilidade de ser efetuada uma crítica, um questionamento. Há, portanto, um direito de submeter-se todas as verdades estabelecidas a uma refutação, que seria a condição básica para o conhecimento. A crítica só pode ser feita se existir liberdade para pensar. Sem liberdade não é possível o progresso nas diversas áreas: intelectual (conhecimento), social (tolerância) e psicanalítica (pluralismo) (AU)
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