Túmulo e palavra: o after life para prolongar um último toque com a ponta dos dedos
DOI:
https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v25i2.365Palavras-chave:
lembrar, escrever, esquecer, memória, luto, sobrevivênciasResumo
Por que e para que escrever diante das perdas? Neste texto, buscamos
alguma resposta a essas questões, e juntamo-las ao risco de dizer que é
diante da ausência e do vácuo que o escritor escreve, que é separando-se
de si mesmo e do mundo sensível imediato que ele obtém a desaparição
que lhe pode devolver a aparição. Escrevemos malgré tout e ativados pelo
nachleben, ou seja, por este impulso de fazer sobreviver aquilo que não
temos mais em nossa presente vida. Seria possível dizer que escrever,
nesse caso, se trataria de um modo de escuta e de reparação que
empreendemos com nós mesmos, como uma maneira útil e conveniente
de elaboração secundária, ou seja, de clarear o que jaz nos andares
inferiores de nossa casa interna, propiciando-lhe, pois, efeitos terapêuticos
da luz. Cicatrização de lesões après coup, através do belo perigo de uma
caneta-bisturi, com a qual incisões purgatórias serão produzidas. Rasgar
para reparar, ferir para cicatrizar, fazer do casulo escuro e fechado um
ponto de visão, agir por rompimentos e rasgos, romper o casulo da visão
que o hábito nos delegou, ver as coisas, os objetos e todos os entes em
sua nudez para transformar-se em aprendiz diante de um mundo visto
pela primeira vez.
Palavras-chave: lembrar; escrever; esquecer; memória; luto; sobrevivências
Abstract
The tomb and the word: the after life to extend one last touch with the fingertips
For what reason and purpose do we write after a loss? In this paper, we seek answers to these questions, and we put them together by daring to say that writers write due to absence and emptiness, that is by separating themselves from themselves and from the world of the immediate senses that they can achieve the disappearance that can return the apparition to them. We write malgré tout and activated by Nachleben, i.e. that impulse to make survive what we no longer have in our lives. It could be said that writing, in such circumstances, represents a kind of listening and atonement that we undertake with ourselves, like a useful and convenient way of secondary working-through, that is, to clarify what lies in the lower floors of our inner house, thus offering them the therapeutic effects of light. Healing the wounds après coup, through the beautiful danger of a pen-scalpel, with which purgatorial incisions are made. Tearing apart in order to repair, wounding in order to heal, making the dark and closed cocoon a viewing point, acting by rupturing and tearing, breaking the cocooned view that habit delegated us, seeing things, objects and all beings in their nakedness to turn oneself into an apprentice facing a world seen for the first time.
Keywords: remembering; writing; forgetting; memory; mourning; survivals
Resumen
Tumba y palabra: el after life para prolongar un último toque con la punta
de los dedos
¿Por qué y para qué escribir ante las pérdidas? En este texto, buscamos alguna respuesta para esas cuestiones y nos atrevemos a decir que es ante la ausencia y el vacío que el escritor escribe, que es separándose de sí mismo y del mundo sensible inmediato que obtiene la desaparición que le puede devolver la aparición. Escribimos malgré tout y movidos por el Nachleben, o sea, por ese impulso de hacer sobrevivir lo que ya no tenemos en nuestra vida presente. Se podría decir que escribir, en ese caso, sería un modo de escucha y de reparación que emprendemos con nosotros mismos como una manera útil y conveniente de elaboración secundaria, o sea, de arrojar luz sobre lo que yace en los pisos inferiores de nuestra casa interna, propiciándole, así, los efectos terapéuticos de la luz. Cicatrización de lesiones après coup por medio del bello peligro de un bolígrafo-bisturí con el cual se producirán incisiones purgatorias. Rasgar para reparar, herir para cicatrizar, hacer del capullo oscuro y cerrado un punto de mira, actuar por rupturas o rasgaduras, romper el capullo de la visión que nos (de)legó el hábito, ver las cosas, los objetos y todos los entes en su desnudez para transformarse en aprendiz ante un mundo visto por primera vez.
Palabras clave: recordar; escribir; olvidar; memoria; duelo; supervivencias
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