Para aquém do princípio do prazer: o umbral

Autores

  • Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP)

Palavras-chave:

princípio do prazer, matriz da mente, cesura, umbral, humor, relação analítica.

Resumo

Na clínica contemporânea observam-se analisandos nos quais o princípio da realidade parece ter se instalado antes do princípio do prazer. Aproximando referenciais de Freud, Winnicott e Bion, o autor propõe pensarmos as primeiras realizações oníricas prazerosas como matriz mental. Falhas nestas primeiras experiências emocionais acarretariam o desenvolvimento de uma área da experiência descrita como uma cesura estagnada, uma dimensão anterior ao princípio do prazer onde o ser, impossibilitado de guiar-se através das qualidades sensoriais prazer/dor, resulta pouco mais que seus tropismos: um umbral aquém do princípio doprazer. Esta abordagem acarreta implicações técnicas no trabalho analítico com estas camadas protomentais. O autor propõe que, nestas áreas, é importante o analista estar livre para trazer ao setting amplas áreas de sua personalidade, usando sua intuição, espontaneidade bem-humorada e criatividade na gestão da relação analítica destes analisandos.

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Biografia do Autor

Paulo de Moraes Mendonça Ribeiro, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP)

Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto (SBPRP).

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Publicado

28-04-2014

Como Citar

Ribeiro, P. de M. M. (2014). Para aquém do princípio do prazer: o umbral. Revista De Psicanálise Da SPPA, 21(1), 155–176. Recuperado de https://revista.sppa.org.br/RPdaSPPA/article/view/29

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