Autodestrutividade, um saber profano - proibições e preconceitos - um tabu instituído
Palavras-chave:
Masoquismo narcotizante, proibições alienantes, preconceitos, negacionismo climático, ferida narcísicaResumo
As ideias desenvolvidas neste escrito visam trabalhar a criação de tabus, entre eles as proibições alienantes, o que conduz à produção de preconceitos. Neste sentido, parte-se dos tabus forjados pela cultura da era vitoriana, contemporânea às origens da psicanálise, os quais exigem uma renúncia intensa do desejo, decorrente de um recalque patológico pelo excesso: a sexualidade proscrita, produzindo um “mal-estar” na cultura que será predominante nas duas primeiras décadas do século XX. Objetivando estruturar uma complementação aos tabus decorrentes da problemática do desejo e seus conflitos com a ordem cultural, abordo em seguida os tabus instituídos em função da impossibilidade da humanidade de lidar com algo até então não pensado, isto é, com a força de sua autodestrutividade - um novo “mal-estar” na cultura -, ou seja, um saber profano. Para sustentar esse argumento a partir de uma perspectiva metapsicológica, ocupo-me do interjogo do narcisismo versus o masoquismo, bem como suas implicações nas bases fundantes do sujeito e do tecido social. Nesse caminho, que almeja refletir sobre tamanho “mal-estar”, o masoquismo narcotizante — trabalho da melancolia — e o masoquismo protetor — trabalho do luto — serão os nossos guias. Diante dessa proposição, uso como interlocutor o negacionismo climático, que demarca, de forma explícita, a produção de proibições alienantes e preconceitos, os quais decorrem da insuportável dor, do mundo brancocêntrico, ao confrontar-se com o que podemos chamar de uma quarta ferida narcísica da humanidade.
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