Sentimentos de abandono, mortificação e vazio no campo analítico

Autores

  • Ida Ioschpe Gus Membro efetivo e analista didata da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v23i2.241

Palavras-chave:

campo analítico, trabalho em duplo, regrediência, função imaginativa, figurabilidade, narrrativização, construções, historização

Resumo

A partir do caso clínico de uma adolescente com intensos sentimentos de abandono, mortificação e vazio expressados no campo analítico, procuro mostrar como se configuram os movimentos do eixo transferência-contratransferência no início de sua análise. Ressalto a necessidade de outro tipo de escuta quando traumas precoces constrangem a possibilidade de integração da experiência vivencial. Descrevo a microscopia do funcionamento mental do analista em sessão através do trabalho em duplo realizado em regrediência, o que inclui sua própria função imaginativa para fazer construções, transformando afetos cindidos em representações úteis à paciente. O processo de subjetivação busca encontrar/criar sentido por meio de um trabalho identificatório via figurabilidade e narrativização simultâneas, para dar continuidade ao processo analítico e promover uma historização subjetivante.

Palavras-chave: campo analítico, trabalho em duplo, regrediência, função imaginativa, figurabilidade, narrrativização, construções, historização.

 

Abstract

Feelings of abandonment, mortification and emptiness in the analytic field

Starting from the clinical case of an adolescent with profound feelings of abandonment, mortification and emptiness expressed in the analytic field, I attempt to show how the transference-countertransference movements are configured at the beginning of the analysis. I underline the need for another kind of listening when early traumas constrain the integration of living experience. I describe the microscopy of the analyst’s mental functioning during the session through the work by double carried out in regredience, which includes the analyst’s own imaginative function to make constructions, thus transforming split affects into useful representations for the patient. The subjectivation process aims at finding/creating meaning through identificatory work via simultaneous figurability and narrativization, in order to provide continuity to the analytic process and encourage a subjectivizing historicization.

Keywords: analytic field, work in double, regredience, imaginative function, figurability, narrativization, constructions, historicization.

 

Resumen

Sentimientos de abandono, mortificación y vacío en el campo analítico

A partir del caso clínico de una adolescente con intensos sentimientos de abandono, mortificación y vacío expresados en el campo analítico, procuro mostrar cómo se configuran los movimientos del eje transferencia-contratransferencia al comienzo de su análisis. Resalto la necesidad de otro tipo de escucha cuando traumas precoces constriñen la posibilidad de integración de la experiencia vivencial. Describo la microscopia del funcionamiento mental del analista en sesión por medio del trabajo en dúo realizado por vía regrediente, trabajo que demanda la propia función imaginativa del analista para hacer construcciones y transformar, así, afectos escindidos en representaciones útiles para la paciente. El proceso de subjetivación busca encontrar/crear sentido por medio de un trabajo identificatorio vía figurabilidad y narrativización simultáneas para dar continuidad al proceso analítico y promover una historización subjetivadora.

Palabras clave: campo analítico, trabajo en dúo, vía regrediente, función imaginativa, figurabilidad, narrativización, construcciones, historización.


Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Baranes, J. J. (1989). Desmentida, identificaciones alienantes, tempo de la generación. In Lo negativo: figuras y modalidades (pp. 103-129). Buenos Aires: Amorrortu, 1991.

Baranger, M. (1992). A mente do analista: da escuta à interpretação. Revista Brasileira de Psicanálise, 26 (4): 573-586.

Baranger, W. & Baranger, M. (1961). La situación analítica como campo dinámico. In Problemas del campo psicoanalítico. Buenos Aires: Kargieman, 1969.

Bianchedi, E. T. (1989). Asociación libre/disociación libre: los fósiles vivientes. In E. T. Bianchedi et al., Bion conocido/desconocido (pp. 35-49). Buenos Aires: Lugar, 1999.

Bion, W. R. (1959). Ataques ao elo de ligação. In Estudos psicanalíticos revisados (pp.87-100). Rio de Janeiro: Imago, 1988.

Bion, W. R. (1962). O aprender com a experiência. Rio de Janeiro: Imago, 1983.

Botella, C. & Botella, S. (1997). Más allá de la representación. Valencia: Promolibro.

Botella, C. & Botella, S. (2003). Figurabilidade e regrediência. Revista de Psicanálise da SPPA, 10 (2): 249-341.

Brusset, B. (2006). Metapsicologia do vínculo e “terceira tópica”? Revista de Psicanálise da SPPA, 13 (2): 215-232.

Fleming, V., LeRoy, M., Cukor, G., Vidor, K., Taurog, N. (1939). O mágico de Oz. Chicago: Metro-Goldwyn-Mayer.

Freud, S. (1926). Inibições, sintomas e angústias. In Edição standard brasileira das obras psicológicas de Sigmund Freud (Vol. 20, pp. 95-201). Rio de Janeiro: Imago, 1980.

Green, A. (1975). O analista. A simbolização e a ausência no contexto analítico. In Sobre a loucura pessoal (pp. 36-65). Rio de Janeiro: Imago, 1988.

Green, A. (1977). O conceito de fronteiriço. In Sobre a loucura pessoal (pp. 66-89). Rio de Janeiro: Imago, 1988.

Green, A. (1980). A mãe morta. In Sobre a loucura pessoal (pp. 148-177). Rio de Janeiro: Imago, 1988.

Green, A. (1986). Pulsão de morte, narcisismo negativo, função desobjetalizante. In André Green et al. Pulsão de morte (pp. 53-64). São Paulo: Escuta, 1988.

Green, A. (1993). Para introducir lo negativo en psicoanálisis. In El trabajo de lo negativo (pp. 11-29). Buenos Aires: Amorrortu.

Green, A. (1999). La representación y lo irrepresentable: hacia una metapsicología de la clínica contemporánea. Entrevista con “André Green”. Revista de Psicoanálisis, (6 esp): 327-347.

Green, A. (2000). A mente primordial e o trabalho do negativo. Livro Anual de Psicanálise, 14: 133-148.

Holanda, C. B. de (1978). Pedaço de mim. In Ópera do malandro. [CD]. Rio de Janeiro: Universal Music Brasil.

Lutenberg, J. (1999). La ilusión vaciada: reflexiones acerca de las experiências reales y virtuales. Buenos Aires: Lassús.

Lutenberg, J. (2007). El vacío mental. Lima: Sikios, 2007.

Machado, A. (1917). Cantares. In Proverbios y cantares, Verso XXIX, de Campos de Castilla.

Ogden, T. H. (1994). O terceiro analítico. In Os sujeitos da psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

Ogden, T. H. (1995). Analisando formas de vitalidade e de mortificação da transferência- contratransferência. Revista de Psicanálise da SPPA, 2 (3): 465-488.

Roussillon, R. (2012). O desamparo e as tentativas de solução para o traumatismo primário. Revista de Psicanálise SPPA, 19 (2): 271-295.

Roussillon, R. (2014). O trauma narcísico-identitário e sua transferência. Revista Brasileira de Psicanálise, 48 (3): 187-205.

Steiner, J. (1993). Refúgios psíquicos: organização patológica em pacientes psicóticos, neuróticos e fronteiriços. Rio de Janeiro: Imago, 1997.

Tustin, F. (1990). Barreiras autistas em pacientes neuróticos. Porto Alegre: Artes Médicas.

Winnicott, D. W. (1960). Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro self. In O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional (128-139). Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.

Winnicott, D. W. (1967). O papel do espelho da mãe e da família no desenvolvimento emocional. In O brincar e a realidade (pp. 153-162). Porto Alegre: Artes Médicas, 1982.

Winnicott, D. W. (1968). O jogo do rabisco. In Clare Winnicott, Ray Shepherd & Madeleine Davis. Explorações psicanalíticas (pp. 230-243). Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

Winnicott, D. W. (1971). Objetos transicionais e fenômenos transicionais. In O brincar e a realidade (pp. 121-131). Rio de Janeiro: Imago, 1975.

Winnicott, D. W. (1977). O medo do colapso. In Clare Winnicott, Ray Shepherd & Madeleine Davis. Explorações psicanalíticas (pp. 70-76). Porto Alegre: Artes Médicas, 2004.

Publicado

30-08-2016

Como Citar

Gus, I. I. (2016). Sentimentos de abandono, mortificação e vazio no campo analítico. Revista De Psicanálise Da SPPA, 23(2), 281. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v23i2.241

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)