Sobre representar e não representar

Autores

  • Viviane Sprinz Mondrzak Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Alice Becker Lewkowicz Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Anna Luiza Kauffmann Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Eneida Iankilevich Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Gisha Brodacz Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Idel Mondrzak Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Gustavo Antonio de Paiva Soares Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Luiz Ernesto Cabral Pellanda Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)
  • Sérgio Lewkowicz Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

DOI:

https://doi.org/10.5281/sppa%20revista.v20i3.101

Palavras-chave:

representação, irrepresentável, figurabilidade, enação

Resumo

A proposta deste trabalho é organizar parte dos estudos sobre o tema representação, dando continuidade ao projeto do Grupo de Estudos de Epistemologia Psicanalítica da SPPA de refletir sobre conceitos fundamentais da psicanálise à luz da mudança das ciências no sentido do paradigma da complexidade e a forma como o pensamento psicanalítico se insere nesta perspectiva. Partindo de uma breve revisão de autores psicanalíticos, passando por contribuições da semiótica e das ciências cognitivas, procura discutir problemas quanto à utilização do conceito na atualidade e propor modelos possíveis para seguir pensando acerca de representação. Assim, são apresentados os dois modos de pensar sobre representação e não representação que surgiram das discussões: num deles, se proporia um espectro representacional, abolindo a noção de não representação no psiquismo; noutro, se manteria um campo do não representado como uma forma de conhecer. Apesar das diferenças, ambos têm em comum o fato de tentarem se desvincular da noção cartesiana de representação, na qual há um mundo externo pronto a ser representado, buscando um modelo em que o mundo que conhecemos é visto como resultado da enação do sujeito que conhece, com sua estrutura particular e em congruência com seu meio. O trabalho de representação é fundamental para a organização do conhecimento, mas o que procuramos ressaltar é a centralidade, na sessão analítica, do conhecimento ainda desconhecido, construído momento a momento entre analista e paciente. Uma noção mais fácil de assimilar na teoria do que na prática clínica, já que nos afasta da segurança do conhecido e organizado, mas que é essencial para a criatividade do trabalho analítico.


On representing and non-representing

This paper organizes part of the studies on the topic representation, in order to continue the Project of the SPPA Psychoanalytic Epistemology Study Group. It reflects on the fundamental psychoanalytical concepts, considering the changes that took part in sciences, especially the complexity paradigm and the way psychoanalytical thinking fits in this perspective. Starting from a brief review on psychoanalytical authors, and continuing through contributions of semiotics and cognitive sciences, it discusses issues regarding the current use of the concept representation and proposes possible ways to keep studying it. Therefore there are present two ways that emerged from the discussions regarding representation and non-representation. In the first one, a representational spectrum is proposed, abolishing the notion of non-representations in the psyche. In the other one, it is considered that it is possible to get knowledge through some field of the nonrepresented. Despite their differences, both ways have in common the fact that they try to avoid a cartesian notion of representation which considers that there is an external world ready to be represented. They seek for a model in which the world we know is seen as a result of the individual’s enaction with his particular structure and congruently with his environment. The work of representation is fundamental to the organization of knowledge; however it is emphasized the centrality of the still unknown knowledge constructed moment by moment among analyst and patient in the analytic session. It is an easier concept to grasp in theory than in the clinical practice, since it keeps us away from the safety of what is known and organized, but it is an essential notion to the creativity of the analytical work.

Keywords: representation, unrepresentable, figurability, enaction.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Viviane Sprinz Mondrzak, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra, psicanalista ditada, coordenadora do Grupo de Estudos de Epistemologia Psicanalítica e membro efetivo da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Alice Becker Lewkowicz, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra, psicanalista e membro associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Anna Luiza Kauffmann, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra e membro aspirante graduado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Eneida Iankilevich, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra, psicanalista e membro efetivo da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Gisha Brodacz, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra, psicanalista e membro associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Idel Mondrzak, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra e membro aspirante graduado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Gustavo Antonio de Paiva Soares, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra, psicanalista e membro associado da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Luiz Ernesto Cabral Pellanda, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra, psicanalista e membro efetivo da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA).

Sérgio Lewkowicz, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Psiquiatra, psicanalista didata e membro efetivo da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre (SPPA)

Referências

Aulagnier, P. (1975). La violencia de la interpretación. Buenos Aires: Amorrortu, 1993.

Bion, W. (1965). Transformações. Rio de Janeiro: Imago, 2004.

Birksted-Breen, D., Flanders, S. & Gibeault, A. Reading french psychoanalysis. London: Routledge, 2010.

Bleichmar, S. (2004). Ampliar os limites da interpretação em uma clínica aberta para o real. Revista Brasileira de Psicanálise, 45 (1),179-91, 2011.

Botella, C. & Botella, S. (2002). Irrepresentável. Porto Alegre: Criação Humana.

Freud, S.(1896) Carta 52. In _____. Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 1, pp. 317-324). Rio de Janeiro: Imago, 1974.

_____ (1915). O inconsciente. In _____. Edição standard brasileira das obras completas de Sigmund Freud (Vol. 14, pp. 185-239). Rio de Janeiro: Imago, 1974.

Hanns, L. A. Dicionário comentado do alemão de Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

Hinshelwood, R. D. (1992). Dicionário do pensamento kleiniano. Porto Alegre: Artes Médicas.

Houaiss, A. (2001). Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva.

Isaacs, S. (1943). A natureza e a função da fantasia. In: M. Klein. Os progressos da psicanálise (pp. 79-135). Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

Laplanche, J. & Pontalis, J. B. (1976). Vocabulário da psicanálise. Lisboa: Moraes.

Levine, H., Reed, G. & Scarfone, D. (2013) Unrepresented states and the construction of meaning. Londres: Karnac.

Levy, R. (2012). From symbolizing to non-symbolizing within the scope of a link: from dreams to shouts of terror caused by an absent presence. International Journal of Psychoanalysis, 93 (4), 837-62.

Marucco, N. (2013). O representável e o irrepresentável: algumas ideias gerais. Revista de Psicanálise da SPPA, 20 (1), 185-92.

Matte Blanco, I. (1975). The unconscious as infinite sets. Londres: Duckworth, 1975.

Maturana, H. & Varela, F. (1984). A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athena, 2007.

Mondrzak,V., Duarte, A. L., Lewkowicz, A., Kauffmann, A. L., Iankilevich, E., Brodacz, G., Soares, G., Pellanda, L. E. & Ortiz, M. R. (2003). O inconsciente na perspectiva da

complexidade e do caos: uma abordagem inicial. Revista de Psicanálise da SPPA, 10 (3), 559-70.

Moore, B. & Fine, B. (1968). A glossary of psychoanalytic terms and concepts. New York: The American Psychoanalytic Association.

Ogden, T. (1996) Sobre o conceito de uma posição autística-contígua. Revista Brasileira de Psicanálise, 30 (2), 341-64.

Roudinesco, E. & Plon, M.(1998). Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.

Santaella, L. (2008). A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas. São Paulo: Cengage Learning.

Schimek, J. G. (1975). A critical re-examination of Freud´s concept of unconscious mental representation. The International Journal of Psychoanalysis, 2 (2), 171-87.

Scarfone, D. (2013). From traces to signs: presenting and representing. In Unrepresented states and the construction of meaning: clinical and theoretical contributions (pp. 75-94). Londres: Karnac.

Shöpke, R. (2004). Por uma filosofia da diferença: Gilles Deleuze, o pensador nômade. São Paulo: USP

Varela, F. (2000). El fenómeno de la vida. Caracas, Montevideo, Santiago de Chile: Dolmen Ediciones.

_____. (1994). Conhecer: as ciências cognitivas, tendências e perspectivas. Lisboa: Instituto Piaget.

Urribarri, F. (1998-1999). La representación y lo irrepresentable. Hacia una metapsicología de la clínica contemporánea: entrevista a André Green, realizada por Fernando Urribarri. Revista de Psicoanálisis, Edición especial (6), 327-47.

Winnicott, D. W. (1971). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

Publicado

03-12-2013

Como Citar

Mondrzak, V. S., Lewkowicz, A. B., Kauffmann, A. L., Iankilevich, E., Brodacz, G., Mondrzak, I., Soares, G. A. de P., Pellanda, L. E. C., & Lewkowicz, S. (2013). Sobre representar e não representar. Revista De Psicanálise Da SPPA, 20(3), 635. https://doi.org/10.5281/sppa revista.v20i3.101

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 > >>